O CASAMENTO DO BÔTO COM MIRA IRA
-Pedrinho Goltara & Milla Pereira
O Boto conheceu uma menina
Quando vivia no Piracicaba
Ela o tratava com carinho
Pra ele, jogava até goiaba
Mas, começaram a jogar cocô
Aí, o boto bateu em retirada!
A menina cresceu e se mudou
Foi morar em Juiz de Fora,
O Boto quase morreu asfixiado
Entretanto, conseguiu ir embora
E lá no rio Paraibuna
Foi viver sem mais demora!
Três noites em cada semana
O Boto ficava encantador
A menina já era uma moça
Não resistia a tanta dor
De não ver mais o velho boto
Por quem sentia tanto amor.
Uma noite, uma ribeirinha
À Mira Ira foi chamar
Pois havia visto um boto
Que estava só a chorar
Mira então o reconheceu
Com ele começou a namorar!
Agora, nesse mês que passou
Muita festa junina acontecendo
O boto, muito assanhado ficou
Dançou até ir amanhecendo
Sua namorada o assustou muito
Disse: a barriga tá crescendo!
O pobre do animal "bicudo"
Sentiu seu corpo estremecido
Todavia, todos exigiram já
Que nada ficasse escondido,
Aí o casamento foi marcado
O Boto, com Mira Ira unido!
Noutro dia, o velho boto feliz
Pois com seu amor estaria
Não imaginava numa notícia
Que Mira Ira lhe trazia
Falando de muita batata-doce
Que a barriga então enchia!
(Pedrinho Goltara)
Milla Pereira, continua, minha filha...
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É pra já, meu amigo!!!!....
O Bôto começou a namorar
Com a Mira Ira, de mãozinha dada
De olho na batata para assar
A fome era de arrepiar
Pegou mais umas pra se lambuzar
E até se esqueceu da namorada
O coitado do Boto, não sabia
Que a batata fora batizada
Pois o outro namorado da guria
Atrás da moça sempre vivia,
Querendo reviver a alegria
Que tivera com a sua amada!
De repente, o povão ali sentiu
Uma ventania de amargar
Era vento como nunca se viu
Todo mundo de perto do Bôto saiu
Pois o cheiro que dali se evadiu
Fez todo mundo dele se afastar.
Eram os gazes do Bôto que espalhavam
Um odor que ninguém mais suportou.
A namorada a sua mão largou
O ex dela quase se afogou
De tanto rir, o rapaz se dispersou
E na moita, ele e Mira se beijavam!
Então, a festa foi encerrada
O sogro não quis casamento nenhum.
Uma nova data foi marcada
Por outro noivo Mira Ira foi amada
E, até hoje, quando a data é lembrada,
O Boto não pára de soltar Pum!
(Milla Pereira)
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Cordel em dueto: Pedrinho Goltara e Milla Pereira.
Valeu, minha amiga-poetisa!
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MIRA IRA, A EX-NOIVA, VEM ESCLARECER OS FATOS:
Quandu eu conheci u Boto, eli era homi bão
Tinha um bicu bem bunitu, i cabelu di montão
Nóis fiquemu muitu amigu, mai dispois tudu mudô
Começô cumas cunversa, di querê só meu amooor
Eli intão mi obrigô, a mudá di riligião
Tivi inté qui batizá, dentru di um carderão
Mi moiáru inté us cabelu, pra ficá bem batizada
Eu fiquei muitu nervóza, cumicei a dá rizada
Nésta tar di riligião, num ixésti casamentu
É só si atarracá, sem siná nenhum ducumentu
E dispois da lua di méeer, i dus beju bem cumpridu
As muié têm qui pagá, pra ficá cum us maridu
Pagamento é mensar, i cum juru i curreção
E si casu separá, u maridu qué pensão
Foi purissu qui inventei, essa tar dessa batata
Ondi é que já si viu, sustentá genti ingrata.
Eita Boto e Milla!!! Beijão proceis tudu daí.
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