FESTA DE REPENTE

A minha viola fala

Em encontro de cantores

S'é festa de cantadores

Já vou chegando na sala

A minha voz não se cala

Nem falta inspiração

Pra declamar em função

Em noite de poesia

HOJE VAI TER CANTORIA,

NA CASA DE DAMIÃO.

Eu não posso concordar

Tião, com o teu intento

Nem mesmo no pensamento

Tu me fales de matar

Mesmo sendo porfiar

Meu amor, minha paixão

Dona do meu coração

Essa idéia m'angustia

HOJE VAI TER CANTORIA,

NA CASA DE DAMIÃO.

Levo João da Silveira

O vate Pedro Firmino

Ó que beleza, menino

Vem chegando Oliveira

de Panelas e a faceira

Mocinha, com o violão

Vai pegar fogo o baião

João Lourenço aprecia

HOJE VAI TER CANTORIA

NA CASA DE DAMIÃO

Irei levar de presente

Para o dono do folguedo

O canto do passaredo

Transformado em repente

No meio de tanta gente

Meninos, que emoção!

Nesta festa do povão

Onde o Cordel irradia

HOJE VAI TER CANTORIA

NA CASA DE DAMIÃO

Vem gente do Cariri

Também da Zona da Mata

Um povo bom que retrata

Uma nação que sorri

Só os que estão aqui

Já passa de um milhão

E outros tantos virão

Pra fenomenal folia

HOJE VAI TER CANTORIA

NA CASA DE DAMIÃO

João Paulo me falou

E deu certeza que vem

Marco d'Aurélio também

A presença confirmou

E em braille já glosou

O Cordel tem opção

Pra quem enxerga ou não

Pode ser cego de guia

HOJE VAI TER CANTORIA

NA CASA DE DAMIÃO

Mote: Onildo Barbosa

Glosa: Sander Lee