O GOIABAL DO MEU AVÔ

O GOIABAL DO MEU AVÔ

22-08-08

Na roça do meu avô

Tinha um goiabal.

Vou falá meu sinhô

Nunca vi nada igual.

Quando os pé carregava

Era presente da natureza

A gente cumia e levava.

Era gostoso, uma beleza.

Fazia doce pra inchê lata

Das mió sobremesa

Daquela gente grata.

Tinha tanta goiaba

Que imbaxo dos pé amarelava

E era num caxote de taba

Que o povo carregava.

As sobra a porcada

Consumia de bocada.

Meu avô home cuidadoso,

Pros neto ele insinava:

Que era presente de Deus Zeloso

Tudo que da terra brotava.

O goiabal foi ele que prantô,

Por Deus tudo ali brotô

E que muitos cumia

Mais poucos cuidava

Si no mundo continuasse assim

Um dia tudo, tudo acabava.

Meu vô, véio e ficando fraco

A terra num pudia mais trabaiá,

Vendeu e no povoado foi morá

Até o dia que o Senhô do arto

Arresorveu desse mundo levá.

Naquelas terra nunca mais vortei.

A úrtima que fiquei sabeno

Cunfesso que num gostei:

Num tem mais goiaba,

Arrancaro o currar de taba

E pió, nem acriditei,

Num tem mais casa nem as árves

Das sombras donde tanto brinquei.