Cão Sarnento

Parece que é mentira

O que agora vou contar

Pode crer, é só verdade,

Você tem que acreditar

Um cachorro vagabundo

Que vagava pelo mundo

Só veio me atazanar

Pra todo canto que eu ia

Parecia uma agonia

O infeliz me acompanhava

Querendo um cafuné

Era um tormento danado

Parecia um carrapato

Agarrado no meu pé

O infeliz do vira-lata

Estava todo pelado

Pois a sarna lhe comia

Do focinho até o rabo

E o coitado só grunhia

De coceira e de agonia

Me olhando apiedado.

Aquele quadro de dor

Mexeu com meu sentimento

Levei o bicho pra casa

Pra lhe dar um tratamento

- Vou levá-lo ao doutor

Falei pra quem me indagou

Com nojo do cão pulguento

O doutor foi taxativo

Quando o examinou

- Esse cão tá em frangalho

Foi o que ele falou

remédio pra carrapato

No papel ele anotou

Depois pegou um termômetro

E no fiofó lhe enfiou.

- A febre ta muito alta

Vai precisar de injeção

Disse olhando o termômetro

Conferindo a medição

Pois do jeito que ele está

O quadro pode agravar

Precisa de internação

Quanto custa tudo isto?

Preocupado indaguei

Quinhentos e vinte paus

Foi o que dele escutei

O doutor me deu a conta

Assinei um cheque à vista

E adiantado paguei.

Não muito alegre eu saí:

O cheque não tinha fundo.

Mas com ele eu ajudei

Salvar alguém deste mundo

Aquele cãozinho pulgento

Que batizei de “SARNENTO”

Não era mais vagabundo.

Não demorou muito tempo

Uma carta recebi

O banco cobrava fundo

Do cheque que emiti

Sem ter pena e sem ter dór

Paguei tudo rapidinho

Pra não ir pro xilindró

O Sarnento se curou

Da doença que sofria

Nunca mais se lamentou

Da coceira que sentia

Transformou-se um valentão

Mais temido que leão

Para a minha garantia.

Certo dia o Sarnento

Atrás de um carro correu

Pois era do seu costume

Querer morder o pneu

Nesse dia não deu sorte

Queria mesmo a morte

E esfacelado morreu.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 26/08/2008
Reeditado em 28/05/2009
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