A PROMETIDA

Era festa de casório

O lugar era notório

Lá pras bandas do sertão

Onde só tem gente séria

Onde o jeca faz miséria

Quando pega o violão

Casava a filha do Zé

Com o filho do sô Mané

Prometida desde então

Quando a filha do jumento

Comprada do Chico Bento

Caiu em um boqueirão

Sô Mané cheio de presteza

Botou as cartas na mesa

_Eu vou te emprestar meus bois

Pra modo de puxar sua mula

Mas óia lá que ocê pula

Fora do trato depois

_Que trato ocê tá falando?

_Casar sua filha e meu filho

Será que num tá escutando

Ô eu tô falando grego

Depois da quebra do milho

Mas até lá é segredo

E o Zé que era apegado

Demais com aquela guria

Viu-se então obrigado

A fazer o que não queria

Porque a besta de sela

Não tanto quanto a donzela

Mas quase o mesmo valia

Casou-se assim a menina

Que era tão gente fina

Com o matuto do João

E desse trato dos dois

Só muito tempo depois

Vieram a saber então

Antonio Carlos Duarte
Enviado por Antonio Carlos Duarte em 30/09/2008
Reeditado em 03/10/2008
Código do texto: T1204280
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