QUANDO O GALO CANTA FINO A GALINHA CRIA ESPORA

Minha sogra, Margarida (mulher sertaneja daquelas que o marido treme quando escuta sua voz) me escreveu perguntando qual era o remédio para “esporão” (uma doença degenerativa que faz doer o calcanhar, e eu me inspirei e fiz esses versos e mandei pra meu sogro,Gastão, pra mexer com ele.

Quando o galo no terreiro

Não canta inchando o cangote

A galinha dá pinote

Quer sair do seu poleiro

Desrespeita o companheiro

Canta alto e dita a hora

Diz “a partir de agora

Vou mandar no meu destino”

Quando o galo canta fino

A galinha cria espora

Nesse terreiro a galinha

Diz: eu aqui sou quem falo

Falta respeito com o galo

Não quer mais ir pra cozinha

Não quer feijão com farinha

Diz: “eu quero é comer fora”

Quem reclamar mando embora

Seja marido ou menino

Quando o galo canta fino

A galinha cria espora

Doravante no chiqueiro

Nem ponho ovo nem me calo

Ovo aqui quem bota é galo

E fala por derradeiro

Se o galo cantar primeiro

Ela fica uma caipora

Bate as asas, cisca e chora;

Ou ruge como um felino

Quando o galo canta fino

A galinha cria espora

Tem que ser galo de briga

Dos do pescoço pelado

Cantar grosso e ser malvado

Brabo que só a bexiga

Não ter medo de intriga

Mesmo se a galinha implora

Enfrentá-la sem demora

E nunca bater o pino

Pois se o galo canta fino

A galinha cria espora

djalma marques
Enviado por djalma marques em 26/03/2006
Reeditado em 02/04/2006
Código do texto: T128657