Eu tomei sopa de bode me lembrando do sertão.

Já morava a algum tempo na Espanha, morrendo de vontade de comer minha comidinha nordestina, fui chegando em casa e desde o elevador senti um cheiro de bode, e pensei: "acho que eu tou ficando doido". Quando entrei em casa, Fatinha, minha esposa, me disse: Tenho uma surpresa: encontrei uma sopa de bode instantânea no mercado, que vem da África, Eu naquele momento nem sequer respirei, sentei na mesa com o prato de sopa e logo pedi um papel e um lápis e saíram esses versos… Fiz vários, mas só me lembro desses aqui.

Às vezes sinto vontade

De comer minha comida

Dá desespero de vida,

Dá tristeza, dá saudade;

Eu não sei se é da idade

Mas vem uma desilusão

E às vezes sem solução

Fatinha vem e me acode

E tomei sopa de bode

Me lembrando do sertão.

Da África que é bem pertinho

Veio a sopa pra o mercado

Ela comprou um bocado

E fez pra mim com carinho.

Tomava devagarzinho

Quando Jonathas veio: “paizão”

Aí levantei a mão:

“Por favor, não me incomode”.

E tomei sopa de bode

Me lembrando do sertão.

djalma marques
Enviado por djalma marques em 26/03/2006
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