SUAVE FRAGRÂNCIA

Onde se encontram os rios

Eu estou lá assuntando

Ando sempre perguntando

Pra me livrar dos estios

O sorriso dos meus tios

Faz me lembrar da infância

Eu sei que a discrepância

Faz parte do existir

Quero chorar ou sorrir

Mas em suave fragrância

Visitei a tua rua

E fiquei sob o sombreiro

Quebrei o meu mealheiro

Para te dar uma lua

Todo o meu rio conflua

Para o perfume das flores

Ando a correr dessas dores

Estéreis que o mundo tem

Pois ao poeta convém

Ser um amante das cores

Pago pelo teu sorriso

O preço de um orvalho

Se com meus olhos espalho

O meu cantar é conciso

Mas para viver preciso

Dos raios deste teu sol

Vou andar no arrebol

Pintar teu céu de amarelo

Tenho ângulo singelo

Se olhar de cima o atol

***

COMENTÁRIO DO POETA, ARTICULISTA CULTURAL E DEFENSOR DO MEIO AMBIENTE ANTONIO LEAL:

Olá, grande vate Sander. Empolgado pela beleza do poema "SUAVE FRAGRÂNCIA", deliberei furtar-lhe dois versos da 2ª estrofe, os quais tomei como mote para exaltar a relação da arte literária com a arte plástica, o que eles já sugerem, e que dei o título que aí vês.

Ótimo domingo, poeta

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PINCEL E PENA

Pois ao poeta convém

Ser um amante das cores.

(Mote de Sander Lee)

A tinta, o pincel, a tela

O sentimento no ar,

O senso a canalizar

As formas da Arte Bela

Que assomam sem querela

Ao mundo dos criadores

Em proposta de sabores

Sejam daqui ou dalém;

POIS AO POETA CONVÉM

SER UM AMANTE DAS CORES.

Amar a vida a fundo

Pela arte de Tarsila

É cadência que burila

A tela, e faz o mundo;

É sentimento fecundo

Que traz aos lábios louvores

E subtrai muitas dores

Que do viver advêm;

POIS AO POETA CONVÉM

SER UM AMANTE DAS CORES.

O poeta se contorce

Entre as brumas da vida

Pintando em sua lida

A tela que lhe reforce

A alma, que tanto torce

Por um mundo de mais flores,

Reflexo de mais amores

Que da aquarela obtém;

POIS AO POETA CONVÉM

SER UM AMANTE DAS CORES.

(Antonio Leal)