A Porca Manca e o Bode Filostróis
No reino dos animais
Há um ditado certinho
Quem manda é o macho mais velho
E os demais baixa o focinho
Se outro invade o pedaço
Quer ocupar esse espaço
Apanha e sai mofinho.
Mas uma coisa esquisita
Aconteceu entre nóis
O namoro da Porca Manca
Com o Bode Filostróis
Isso foi lá pelos lados
Das terras do Zé Pelado
Perto do rio dos anzóis!
Esse Bode era cego
Era velho e fedido
A Porca andava manca
Por isso tinha o apelido
Na lama a Porca nadava
No mau cheiro ela ficava
Prá agüentar o Bode podrido.
Quando o Bode aprochegava
Prá namorar a Manquinha
As carniça misturava
E o Bode a dizer: Florzinha
Que bom é esse perfume
Eu fico arrepiadinho
Nesse ambiente de estrume!
Urubu desviava a rota
Quando por ali voava
Gambá saia pulando
Quando por ali passava
Os mosquitos debandava
Os carrapatos pulava
Quando ambos se abraçava!
Esse namoro cheiroso
Durou bom tempo afim
A Porca andando mancava
Olhava o Bode ceguim
Pois no pasto ou no chiqueiro
Reinava forte o mau cheiro
A carniça não tinha fim!
O dono dos bichos um dia
Acordou pelo cedinho
Foi fazer uma inspeção
No pasto, no chiqueirinho
Quando lá se aprochegou
A carniça ele cheirou
E logo caiu durinho!
Virge mãe dos carnicentos
Quié isso questou sentindo
Cheiro de merda no vento
Ta podre o mundo inteirinho
Deonde vem a podriqueira
É coisa de tripa inteira
Vou ficá aqui mortinho!
Campeou praqueles lados
Logo viu donde se vinha
O cheiro de cova podre
Do Bode e da Manquinha
Jogou os dois na cacimba
Lavou aquela catinga
E a coisa ficou limpinha!
Levou os dois cheirosinhos
Pro quintal de sua casa
O Bode berrava muito
A Porca apenas mancava
Lá viveram se amando
O bode cego berrando,
A Porca Manca roncava!
"Se você não toma banho
Não lava as subaqueiras
Não apenteia o bigode
Não limpa toda a sujeira
Você será como nóis
Disse o Bode Filostróis
Disse a Porca manqueira!"