LEMBRANÇAS E CONSOLO

Da várzea florida que as aves voejam

E as flores beijam, em terna alegria

Paira-me na mente lembrança sem fim

Que vinda a mim, reduz a elegia.

Distante do lago em que um dia nadei

Por que eu não sei, mas me vejo a pensar

E as lembranças trazem, de noite ou de dia

A velha agonia de lá não estar.

Pensando na terra que me fez guri

Não consigo impedir que à lembrança venha

As noites na mata, caçando tatu

E de dia nambu, cosido à penha.

Mas sei que não posso me gabar de tudo

Pois hoje o estudo me deu consciência...

E aquela matança dos bichos da mata

Ao meu peito ata tom de violência.

Se era justo o motivo por que eu caçava?!

De dentro da aljava tudo respondia

Que aquele caçado, por assim dizer

Era o que comer no próximo dia.

Mas mesmo afastado, da Terra e do Tempo

Tenho aqui exemplo de vida e trabalho

Que me vão moldando na fôrma do amor

Nessa nova Flor banhada de orvalho.

Resumo este canto, envolto nos braços

Em que criei laços, por ser terra amena

De nomes, de história, de contos, de fé:

Sim, Guaypacaré, a atual Lorena.

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(Lembranças de Valença do Piauí, consoladas por Lorena, acolhedora cidade valeparaibana (Estado de SP), entre a cidade do Rio e a de São Paulo, pertinho de Aparecida do Norte).

Antonio Leal
Enviado por Antonio Leal em 15/03/2009
Reeditado em 14/05/2009
Código do texto: T1488028
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