U SEXTETU TÁ  NA UTI
 
(O gatu subiu no teiado…)
 
 (Hull de La Fuente)
 
Hoji  eu vim anunciá
Algu qui tá evidenti,
Mais é devê informá
Qui u Sexteto tá doenti
Cum respiru artificiá
E derrami aparenti.
 
O médicu informô
Qui o Sexteto tá morendu,
Inté chamô mais dotô
Mais u quadro é horrendu
Pra ele di pé si pô
Amputação tão fazenu.
 
Podi inté virá Quartetu,
Cum quem quisé cumprumissu,
Si acabanu cum o Sextetu
Pra evitá us inguiçu.
Pra funcioná dereitu
É precisu fazê issu.
 
U Sexteto tevi a fasi
Du apogeu i da grória
Agora tá quasi, quasi,
Isqueceu sua história
Tá no hospitá di Basi.*
Esti cordé é “in memória”.
 
Quano ele cumeçô
Tinha a amiga Mira Ira
U meu POETADADÔ,
Airam Ribeiro e a Milla,
Pedrim Boto, o trovadô,
Tercêro a saí da fila.
 
Hoji semu quatru peça
Quinda tenta resistí,
Vamu levanu cunversa
Para os otros diverti.
Mas si a hora agora é essa
Vamu nóis si adispidi.
 
Cunvido todus us amigu
Pras exèquia i funeral
Du Sextetu tão quiridu
Qui foi tão ispecial.
U Interru é num jazigu
No ispaçu Sideral. 
 
 (*) Hospital de Base é o nome do maior hospital do governo, aqui de Brasília.





O SEXTETO TÁ NA UTI???
(Milla Pereira)
 
Ce falô certo, maninha
O Sextetu tá cabano.
Pra essa tristeza minha
Sei qui tâmu agunizâno
Inté tentâmu, Clarinha,
Mai sinti infraquejânu.
 
Bão mesmo era aquela
Formação da vêiz primêra.
Tinha amizade tão bela
I puisia verdadêra
Tinha fulô nas jinela
Pra falá das brincadêra!
 
Ôji nis vêmo a tristeza
Abatê sobri u Sexteto
Qui um dia foi a beleza
Dus puema e du sunêto
Pareci qui a natureza
Dexô um risco bem pretu!´
 
Mai de toda a manêra
Dexâmu aqui o cunvite.
Quem quizé fazê barrêra,
Pra afastá os limite,
Da tristeza sobrancêra,
Qui venha dá seu parpite!
 
U Sexteto aguniza
Na cama da UTI.
Mai eu fiz uma pesquiza
E mi alegro cum qui vi
A puisia prufetiza:
Vâmu agitá issu aqui!

Num vô chorá todo dia.
Si o Sextêtu morreu
Eu queru é aligria
Quem foi si iscafedeu.
Rezu uma Avi Maria:
- Antis eli du qui eu!
***(kkkkkkkkk)***




Chegô o Pedro Noguêra
Tentano reanimá
Mai vai tê muita cansêra
Pu corpu ressuscitá.
Ele tá mais animadu
Cum a isperança lôca
Tá fazeno no Sextetu
Rispiração bôca a bôca...

 (Claraluna)
 


"Cuma façu pra ressuscitá u Sexteto?"
(Pedro Nogueira)
 
Qui essa injeção da Clara
mate pela raiz o comodismo
i tamem sirva pra qui sara
a falta di idealismo
eu me senti quase ispurso du sexteto
i isso mi aburreceu
puis num foi essi u meu intuito
quando aceitei u cunvite seu.
 
Iscrevo purque amo de fato
é argo que muito mi agrada
i sempri respundi nu ato
a toda a sua chamada
num entrei pra deixa morrê
uma coisa qui criaram cum carinho
mi diz u qui devo fazê
e saibam não estão suzinho.
 
Ja atendi u chamado da Mila
i u que falei lá é verdadi
si tem uma coisa qui a minha arma istrila
é quando u comodismo invadi
u apogeu devi di se tudo dia
num si vive sem rispiração
intão num si pode vive sem puesia.
Muito menus sem rima ou canção
é pra isso qui tô aqui
mais obedeçu sempre uma hierarquia.
 
Esse Sexteto fais munto bem pra mim
Mas a Clara ta na chefia
peçu perdão se falhei
i to pronto a recomeçá
tenho tanca coisa qui nem escrevi nem falei
i cunfesso é nesse sexteto qui eu quero falá
pur issu peçu qui mi permita
se fô du agrado do ceis
se pueta é uma profissão bunita
vamo tentá outa veiz.
 (Pedro Nogueira)
 


O cumpadi Airam Ribeiro
Tamém qué salvá o morto
Nosso grandi cumpanhêro
Num qué tê essi disgosto.
Vamu lé o seu apelo
I isperá u acunticê
Os dotô tão lá cum zêlo
Isperano u amanhecê.

(Claraluna)



“A duença inda tem cura!”
(Airam Ribeiro)
 
Inda nun tá cun cancé não
Essa duença pode inté curá
Inda bate o seu coração
Pois inda vejo o seu pursá
Ta duente é de preguiça
E esse trem as veiz inguiça
As peçoa aqui qué andá.
 
É certo qui os peçoá
Um poquim se comodô
Mais é só a xefia xamá
Correno venho e aqui tô
O negóço é modificá
E arguma lei nóis axá
Pra arguma coiza nóis impô.
 
Cuncordo cum Pedo Noguêra
Qui o cumodismo tá cá gente
Apezá de tudo cê brincadêra
O cumprumiço tem de tá presente
O istatuto tá isso dizeno
Das coiza qui nun tamo fazeno
Nóis todos estamo ciente.
 
É percizo urgentimente
U’a reunião no Bar do Rudrigo
Naquelas cadêra da gente
A puêra fez seu abrigo
Nunca mais nóis se arreuniu
Os incronto ninguém nunca viu
Parece qui nun somo mais amigo.
 
No ospitá de base vô lá vê
A duença qui o sexteto tem
Nóis vamo lá cumparecê
E é pra num fartá ninguém
A puizia num pode cabá
Intonci vamo todos lá
Pra vê se tá tudo ino bem!

O sexteto é aligria
É o principá do recanto
Cês vê qui os peçoá no dia
Nos trata cum carin e encanto
Num póde dexá intão
O sexteto na solidão
Tristizin duente nun canto.
 
E tenho dito.


 


A maninha belezura
dexa seu recado aflitu
Toda cheia di ternura
com u seu cantá bunitu
Rosimeri, seu apelu,
bateu no meu coração
Mi arrepiô us cabelu
Feiz revê minha pusição.

(Claraluna)



U Sextetu inda tem jeitu
(Rosemeri Vieira Tunala)

Sei qui as veis num é fácil
Da gente conciliá.
Mais us poeta é tudu ágil
Quandu us versu vai rimá.
Num podemus ser tão frágil
Não vamus deixá acabá.
 
Nóis levamus as aligrias
Prus zóius di muita genti
Cuns cordel i puisia
Dexandu u povu contenti
Vuandu nas fantasia
Dus nossu versu inocenti.
 
Não vamu dá mais bobera
Di pegá essas duença
Eu gosto de brincadera
Pr’ocê vô pidi licença.
Nossa turma é di primera
I cordel fais a diferença.
 
Vamu ajuntar nossas asa
Prá podê avuar mais alto
I si tive quenti as brasa
Logo a genti dá um salto.
Vamu levá a toda casa
As fala di nossu arauto.
 
 A pendenga alvoroça.
Versu belu a genti faiz.
Se unindo as nossas força
Vai ficá é muito mais.
Tem muito rapaiz i moça
Qui pedi a nossa paiz.
 
Num vamu disanimá não.
Se ta na UTI, inda tem jeitu
Como fica meu coração
Si levo oceis dentru du peitu.
U sextetu da canção
Meus queridus poeta eleitus.


Essi Bôtu véi, tinhosu
Chegô pra si discurpá.
Mai êli é muintio manhoso
Qué nossu carin ganhá
Ta trabaiânu, o temôsu
Nus imposto federá!

(Milla
 
 
Tô vêno um sujeito fêi
Deitadim num cachão
Máiz ele num é nóis
Dêus tenha compachão
Dévi sê o Clodovil
Que dispidiu desse mundão!
 
Eu num andêi sumido
Só mermo munto ocupado
Tendo vários cumpromiço
Máis no Recânto tô ligado
Vêjum agora ondicotô
Ou sitô tão inganado!
 
Tô iscrevêno bêm poquím
Mas num bandonêi ninguém
Tilifono pras puetizas
E pro Airão, em Itanhém
Isso é mizade das boa
E um amô de querê bêim!
 
Inté o Dotô Pedróca
Falô pra nóis num pará
Qui o seistêto num cabo
E já vortô a respirá
Já ta fora da UTI
Cum as próza pra contá!!!
(Pedrinho Goltara)
 
 
Nossa mana Meriam
Fêiz di tudo prajudá
Deu até chá di româ
Pru SeisTeto levantá
Agardecômo a irmã
As reza qui foi orá!

(Milla)
 


SERÁ QUE FOI CLÔ?
(Meriam Lazaro)

Será que foi Clodovil
Que não chamou o doutor?
Deixou o sexteto e partiu
Nem purpurina levou
 
A turma se reuniu
Na UTI sim senhor
O esqueleto acudiu
E todo mundo assanhou
 
Sei que o BOTO varonil
E o QUATI trovador
Vão dançar no "rock in Rio"
E expulsar toda dor.
 
Maninha MILLA, a mil,
Toda vestida de flor
Sambando pelo Brasil
Vai mostrar quem tem valor
 
CLARALUNA convocou
E as mazelas sacudiu
O AIRAN até soprou
Com a ROSEMERI o pavio.
 
Chamem o JACÓ, por favor,
Com o bandolim gentil
Pois ele já encontrou
A nota azul mais anil.




Meu cumpadi Airam falou,
Cum San Pedro im Pajeú,
E o Sextetu rispirou
Ispantano us urubú.
É tanta genti quirida
Querenu a ressurreição
Qui eli voltou à vida
Prumodi das oração.
(Claraluna)



"Ta reçucitano"
 
Fui xegano e sacudi
O corpo moribundo
Era o sexteto qui tava ali
Dispidino deste mundo
Cuma ainda rispirava
A Milla já perparava
Aquele bêjo profundo.
 
Operação boca a boca
Pra jogá um pôco de ar
Cuma ainda foi poça
Eu viéla cuntinuá
Mais parece qui o defunto
Qui ia pra cidade de pé junto
Foi riagino sem pará.
 
O médico dotô Pedroca
Pidiu silênço no ambiente
Eu nun gostô de fofóca!
Ele foi falano pra gente
O sexteto ta percizano
É de peçoa qui vai trovano
E qui cansaço nun sente.
 
Pra sua cunvalecença
Rimédio vô riceitiá
Todos tem qui da presença
Quando a xefa sulicitá
E pra surtí o efeitio
Ocêis tem qui ir cum jeitio
Os seus membro vizitá.
 
Nun custa nada um cumentáro
Num trabái qui foi feitio
Nun currigi seus dicionáro
Isso é farta de respeitio
Todos tem qui elogiá
O qui na sala incrontá
Esse é o devê e o dereitio.
 
O sexteto falo procêis
Nun é composto de sete
Ele é composto de seis
Nois nun jogamo cunfete
Pra quem nun tem inducação
Somo todos pela lei do irimão
Esse é o devê qui nos compete.
 
Despois disso qui falei
O sexteto alevanto
O rimédio eu bem sei
Foi efeitio mediado
Parece qui já ta de pé
Mais se todos perdê a fé
Nun agaranto nun sinhô.
 
Esse sexteto num pode caba
Esse sexteto num póde morrê
A todos temo qui alegrá
É somente todos querê
Cum u’a boa sacudedéla
Agaranto qui eles e elas
Faiz o sexteto revivê.
 (Airam Ribeiro)



A Angelica Gouvea
Veio pra ressurreição
Diz que a coisa num tá feia
Qui já sirviu a lição.
Deixô uns versu manêru
pra cada um do Sextetu
Agradecemu cum um xêru
Purqui é o mais direitu.
(Claraluna)



C-om a licença dois seis
L-ogo aqui vou entrando
A-modo de que, não pode morrer
R-iunião de amigos deve si guarda
A-o lado esquerdo do peito.
L-evanta esse duente,
U-se a aligria dessa gente
N-o Recanto tem que continuá
A-ssim vão todos se animá.
 
M-as pelo que to vendo
I-sto tudo tá mudano
L-ogo todos está vortandu
L-evaram um baita susto
A-gora acordarão 
 
Q-ue esse négócio é bão
U-ma belezura de cordé
A-nsim oces fais a festa
T-á tudo mundo sastisfeito
I-sto, cada dia fica mais perfeito. 
 
B-ão é agora foi bão saber
O-sexteto ressucitou
T-odos junto se aprumou
O-duente sarou. 
 
A-nsim dou os parabéns
I-screvendo tudo isso
R-econheço que tudo tem feitiço
A-gente começa a lê e torna vicio
M-ais nom si isqueça o cumprisso 
 
R-iuni toda vez
O-nde cada um sempre fez
S-eus versus e prosa
E-dessa forma gostosa.
 
**CUM OS CUMPRIMENTU **
(ANGELICA GOUVEA)




Jacó Filho e o bandolim
Qui eli toca tão bem
Tocô para us querubim
Qui si agradarum tomém.
Tantu queli troxe a prosa
qui publico aqui abaxo
Qui já vem cherano a rosa
Qui alumia cuma um facho.
(Claraluna)



Nada di intêrro...
(Jacó Flho)
 
Não si interra o sexteto,
Nem pra fazer pirraça.
Nessa vida tudo passa,
Como se fosse graveto,
Vamo tomar a cachaça,
Para montar o livreto...
 
Primeiro vei o doutor,
Qui quase nem isamina.
Olha de baixo pra cima,
Correu, mas nada falou...
O Boto é qui desconfiou,
Olhando desda esquina...
 
Injeção ele num toma,
Diz qui é coisa de viado,
Com sintomas piorado,
E uma febre de arromba,
Parece que o verso tomba,
Se num for logo tratado.
 
Mas a Milla é infermeira,
E se dispõe dar um jeito,
Vai dar de mamar no peito,
Qui levanta de primeira.
Não gostei da brincadeira,
Por isso exijo respeito...
 
A Claraluna é qui costura,
Muitos dos versos rasgados,
Qui vão sendo restaurados,
Antes que vão pras alturas.
E portanto da sepultura,
O sexteto está liberado...

 


 Maninha, eu tô notânu
Que a turcida é forti
Tudo si muvimentânu
Pra nóis num saí du norti
I Deus vai abençuanu
Pois essa é nossa sorti!
(Milla)



Mana Milla as coisa muda,
Todu mundu já notô
Foi tantu Deus nus acuda
Qui o Sextetu cuntinuô.
Inté a quirida Helena
Qui é sempre tão erudita
Du Sextetu sintiu pena
I iscreveu coisas bunita.
(Claraluna)



"U Sextetu tem jeitu"
(HLuna)

OI, ocês desse sextetu,
dus amigu reunidu:
pra toda coisa tem jeitu,
té prus coração firidu.
 
Todus vamu dá ajuda,
basta só gritá - acuda,
lhis istendemu as mão
i abrimu o coração.
 
Sextetu assim animadu,
num pode jamais si acabá,
eu aqui desti ôtro ladu,
só possu mesmo é rezá.
 
Saúde a todus deseju.
Tô mandando um grandi beju.


Minha maninha, nadica
Ficô dessa malucaji
Inté a Rejane Chica
A poeta das mensaji
Vêi trazê verso im bica
Pra miorá a imaji
Du 6-têto, i nóis fica
Cum a cara i a coráji!
(Milla) 


Não acredito,não?
ainda tenho esperança
ele pode até não tá "bão"?
mas ainda mexe a "pança"...?
 
Assim, vamu aguardá
só morre quando o pé esticá!
(Rejane Chica)





Mana Milla vê qui graça
A nossa maninha Rose
Qui dá viva inté na praça
E pra isso inté faiz pose
Ela é fã do Sextetu
I pur eli tem paxão
Vai fazê tudo direitu
Pa num perdê eli não.
(Claraluna)



"VIVA O SEXTETU"


Tá venu, minha genti
U povu é qui vai ficá duenti
Se nossu sextetu acabá.
Intão nóis num pode dexá.
 
I viva as aligria!
I viva as puisia!
Vamus fazê cordel
I juntus avuá nu céu.
 
Rosemeri Vieira Tunala
 
 
***



Nathanpoeta o amigu
Vei dexá sua amizadi
Di um jeito bem quiridu
Falô cum sinceridadi.
Prumodi deli falá
Qui o Sextetu num morreu
Nóis vamo anunciá
Qui ele sobreviveu.
(Claraluna)


"Versus di viludu"

Observei cum atenção
Eça notícia triste
Sobre a morte du sextetu
I falo cum meu coração
Si todos ocêis insiste
Ele num vai morrê não.
 
Espero qui ocêis tudo
O sextetu num dexe morrê
Pois ele tem sobretudo
Qui nu Recantu vivê
Pralegria dus sortudus
Qui vinhé aqui pra lê
Eçes versus di veludu
Sem fazê nenhum auê.
 
Nathanpoeta

 
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 18/03/2009
Reeditado em 20/03/2009
Código do texto: T1493847
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