ABC DO DESVALIDO

Antes de pegar na pena

Pensei em voltar pra ver,

Se sobrou algo de bom

Para poder escrever.

Bem que seria melhor

Retornar ao começo

E ver se reponho em vida

De tudo seu real preço.

Com cuidado vou em frente

Vou mantendo meu olhar

No abismo que separa

Meu viver e meu penar.

Digas se irei correto;

Não erres no julgamento

Se irei não sei se volto,

Não quero mais sofrimento.

Errar, todo mundo erra,

Por isso o sofrer existe

Quanto mais se erra aqui

Muito mais o mal persiste.

Feliz de quem não conhece

Do viver, amargo fel

Não tem do que se queixar

Nem vive triste ao leu.

Guardei no peito uma marca

Agora quero mostrar

Peço: não fique com pena!

E nem num canto a chorar.

Hoje sei que não devia

Ter carregado essa dor

Devia ter esmagado

Junto ao nosso amor.

Isso é tão verdadeiro

Que causa medo em pensar

Que tudo que planta aqui

Aqui mesmo a de segar.

Já não tenho mocidade

Colho espinhos na saída

Dos amores desvalidos

Dos beijos sem despedida.

Levo em contentamento

Teu beijo de despedida

Uma saudosa lembrança

De tudo que fui em vida.

Muito que riam de mim

Verão que fui vencedor

Construindo em rocha firme,

A minha vida em labor.

Não rias, linda menina

Rapaz, não fique tristonho.

Cultives enquanto viverem;

O seu bom e belo sonho.

Os anos passam e ficam

As dores dos sofrimentos

Lembranças do que se foi

Tristeza dor e lamentos.

Pouca coisa se sobrou

Da vida que tive outrora;

O tempo fez em ferrugem

A minha alma que chora.

Quando sonhares comigo

Veras que o amor valeu

Terás a maior certeza

Que quem te amou foi eu.

Rosas, trago pra ofertar,

À minha mais bela flor

Que plantou junto comigo

O maior e mais belo amor.

Soube zelar e cuidar

Cada rosa que nasceu,

Cuidou com muito carinho

Do jardim que era seu.

Tudo passa tão depressa

Parece um raio de luz

Hoje, tudo tão bonito

Amanhã, severa cruz!

Um dia tive prazer

De te olhar com doçura

Meus olhos que te olhava

Teus olhos que me procura.

Vivas, vivos, sem receio;

Sem pensar na cruel sorte,

Pois nem tudo tem final,

Sem chegar afinal a morte!

Xarope tomou sem gosto

Esse homem que vos fala

Não tendo sabor em vida

Menos em outra escala.

Zombem. Olhe façam graça;

Terás, porém, mesmo fim,

Aguardar-te-ei paciente

Pra ficares perto de mim.

Edilson Alves
Enviado por Edilson Alves em 20/03/2009
Código do texto: T1496681
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