É BENEDITO ALVES TIU

No sertão do cariri

Dentro do Sítio Ventura

Começou a aventura

Que eu vou contar aqui

Quando estive lá ouvi

E quem falou não mentiu

Até sua mulher riu

E disse fique à vontade

Para falar a verdade

De Benedito Alves Tiu

Antes de tudo que fez

Vou dizer quando nasceu

Se não for engano meu

Foi no dia vinte e três

E dezembro foi o mês

Em que o menino surgiu

Num cantinho do Brasil

Cujo nome é até longo

É de Santana do Congo

O Benedito Alves Tiu

O ano foi trinta e um

E o Estado Paraíba

Não quero que se exiba

Mas já ouvi o zum zum

Que jamais em tempo algum

Valente igual não se viu

Quem o enfrentou sumiu

Dizendo na região

Só tem Brás e seu irmão

O Benedito Alves Tiu

Naquele bravo sertão

Cortava palma pro gado

E plantava no roçado

Algodão, milho e feijão

Assim esse cidadão

Seu sustento garantiu

Mas quando dali partiu

Pra morar noutra cidade

Enfrentou dificuldade

O Benedito Alves Tiu

Não se sabe exatamente

Se fez alguma besteira

Pois quando foi pra Pesqueira

Foi tudo tão de repente

Perguntei a muita gente

Porque foi que ele partiu

Mas quem sabia só riu

Sem querer me dizer nada

Pois é um bom camarada

O Benedito Alves Tiu

Pra não viver de arrego

Resolveu sair dali

Partiu para Ouricuri

À procura de emprego

Porém não teve sossego

E até saudade sentiu

Então ele desistiu

Voltando a terra do doce

E foi lá que empregou-se

O Benedito Alves Tiu

Mesmo sem habilidade

Porém com muito vigor

Foi trabalhar no motor

Que dava luz à cidade

Quando a eletricidade

No nordeste evoluiu

E a Paulo Afonso surgiu

Ele foi aproveitado

Por já ser capacitado

O Benedito Alves Tiu

Voltando ao velho sertão

Apenas pra passear

Começou a namorar

Uma filha de Bião

Bonita e de tradição

Como igual nunca se viu

Mas quando a mão ele pediu

Cunhados acharam ruim

Porém casou mesmo assim

O Benedito Alves Tiu

Com graça e com formosura

Dona Socorro Pereira

Quando chegou à Pesqueira

Foi pra máquina de costura

Hoje ta na prefeitura

E também já assumiu

A cadeira que surgiu

De professora do Estado

Tendo sempre lhe apoiado

O Benedito Alves Tiu

Homem do sertão sofrido

Que não cursou faculdade

Tem a grande qualidade

De ter nos filhos investido

Lutando neste sentido

Bom resultado já viu

Pois ele já conseguiu

Ter cinco filhos formados

E tem dois encaminhados

O Benedito Alves Tiu

Vaneide era agitada

Quando era pequenina

Dizem até que essa menina

Já deixou gente internada

Porém sempre foi prendada

E com um jeito sutil

Quando cresceu conseguiu

Ser professora do Estado

Deixando mais sossegado

O Benedito Alves Tiu

Não quis ir pra capital

Para poder estudar

Preferindo se casar

Na sua terra natal

Porém ela não fez mal

Porque ali garantiu

Outro emprego que surgiu

E também fez faculdade

Satisfazendo a vontade

De Benedito Alves Tiu

Walkíria muito queria

Cursar uma faculdade

E pra sua felicidade

Alcançou num belo dia

Entrou em Sociologia

Porém futuro não viu

Então ela desistiu

E fez Secretariado

Deixando mais animado

O Benedito Alves Tiu

Sua vida melhorou

Logo no segundo emprego

Pois sem precisar de arrego

Em um concurso passou

Foi trabalhar no Metrô

Onde o salário subiu

E o que mais conseguiu

Pra ter vida predileta

Foi dar um genro poeta

A Benedito Alves Tiu

Nasceu José Valderi

Que foi seu segundo filho

Porém teve pouco brilho

Pois ao céu teve que ir

Mas pra substituir

Outro garoto surgiu

Pacato e também gentil

Valderi Alves Pereira

Fotocópia verdadeira

De Benedito Alves Tiu

Formou-se em Agronomia

E é muito competente

Também é fã do repente

E é bom de poesia

Porém nossa parceria

Que há muito tempo surgiu

Somente se repetiu

Na base do vai não vai

Para falar do seu pai

O Benedito Alves Tiu

O filho Chateaubriand

Para mamãe é o dengo

Porque nem mesmo o flamengo

Consegui ter tanta fã

Todo metido a galã

Meu conselho já ouviu

Porque a AIDS surgiu

E eu disse tome cuidado

Pra não deixar preocupado

O Benedito Alves Tiu

Quando veio estudar

Aqui nesta capital

Pra fazer primeiro grau

E tentar vestibular

Chegou até a chorar

Porque saudade sentiu

Mas logo desinibiu

Estudando com fervor

E quer ser mais um doutor

De Benedito Alves Tiu

Elétrico durante o dia

Também de noite na cama

Programou o ponta de rama

Que é a sua alegria

Pois nasceu como queria

Um filho forte e viril

Simpático e de muito brio

Retrato de muito amor

Que mostra todo vigor

De Benedito Alves Tiu

Júnior de jeito pacato

Estuda primeiro grau

Jamais fez uma final

Sendo do pai um retrato

Porque este é sempre exato

Assim dizem de Seu Biu

Apelido que surgiu

De amigos da profissão

Sendo ele a emoção

De Benedito Alves Tiu