"UM CARA, A MOTO E A MANGUAÇA"

"UM CARA, A MOTO E A MANGUAÇA"

Era um cabra agitado.

Que adorava aventuras.

Por motos apaixonado,

Vivia fazendo loucuras.

E brincando com a vida,

Balançava as estruturas...

Nada então o segurava.

Muito menos a distância.

E jamais se amedrontava,

Viajar era constância.

Desafiar o seu Deus

Era sua militância...

Em cima de sua moto

Se sentia muito forte.

Acelerar com vontade,

Mostrar não temer a morte.

Não sabia esse rapaz,

Podia faltar-lhe a sorte...

E por cima disso tudo,

O pobre do animal,

Só andava alcoolizado,

De forma descomunal.

Copo cheio de cachaça

Pra ele era natural...

Ouvir conselhos, pra quê?

De pais, irmãos e amigos?

Serelepe igual raposa

Dizia amar os perigos.

E contar muita vantagem

É atrair os castigos...

Uma vez ele escapou

De violento acidente.

E mesmo assim se tornava,

Mais ousado e imprudente.

Em cada parada que dava,

Era um copo de aguardente...

Sua mãe, desesperada

Vivia sempre rezando.

Pra que seu deus ajudasse,

Estava sempre implorando,

Pedindo pra que seu filho,

Fosse juízo tomando...

Um dia ele não chegou,

Fazendo-a desesperar.

Quando ela então ligou,

Sem chances no celular.

Em pânico ela entrou,

Coisa ruim a imaginar...

Saiu e foi procurar

Em todos os hospitais

Na ansiedade profunda

De encontrá-lo ser capaz.

A cabeça imaginava

Só coisas de satanás...

E no último hospital

Seu coração sossegou.

Na recepção informaram

Que seu filho ali entrou.

E sua mente intranquila

Aí então relaxou...

Naquela madrugada escura

Ele bêbado e pilotando,

Cochilou em uma curva

E a moto saiu derrapando,

Entrou pela contra-mão,

Ele foi então deitando...

Teve sorte em não morrer

Mas sabe foi o culpado,

Por ter causado o acidente,

Já que estava alcoolizado.

Parece que aprendeu

Por ter visto o resultado...

Dias ficou no hospital

E demorou pra recuperar.

Da moto nada escapou,

Nem sucata quis comprar.

Pra perder é rapidinho,

Difícil sempre é ganhar...

Quando saiu do hospital

Em franca recuperação,

O que encontrou foi tristeza

Com bastante chateação,

Além de ter machucado

Da mãe, o seu coração...

Além de trabalho e dor

E problemas de montão,

Já que se endividou,

Vai pagar sem condição,

Ficou na mente o receio

De ir um dia ao caixão...

Sua mãe lhe ajudou

Mesmo sem poder, coitada.

Mas como amava seu filho

Nunca reclamou de nada.

Mas por dentro o sofrimento

A tinha triste e cansada....

Mas ele á ela prometeu

Que nunca mais voltaria

Tais loucuras cometer,

Que nem de moto andaria,

Ela não acreditou

Pois seu filho conhecia...

Querendo á mãe agradar,

Jurou que assim o faria,

Pois gostava muito dela

E vê-la sofrer, não queria.

O tempo é senhor de tudo,

Da noite e também do dia...

Assim foi passando o tempo

E ele se entristecendo.

Sem moto não viveria

E muito estava sofrendo,

Se assim continuasse,

Acabaria morrendo...

Quando se viu recuperado

Já voltando á trabalhar,

De cara logo pensou

Outra moto vou comprar.

Tentou lutar contra isso,

Mas não conseguiu suportar...

Sem nada poder fazer

A mãe então se calou.

Que Deus te proteja, meu filho

E no seu silêncio, rezou.

Pediu que a mãe confiasse

Pois o seu filho mudou...

Numa tarde ensolarada

Na nova moto montou.

Disse á mãe: "vou pra estrada,

Adeus pra mãe acenou.

E ela ali, caladinha,

Lágrimas derramou...

De olhar compenetrado

Ela aos céus foi implorar:

"Ó Deus, proteja meu filho,

Faça-o pra mim voltar.

Deus ajuda quem madruga,

Será quem vai motocar?...

Foi a ultima vez que o viu,

Sorriso no rosto estampado.

Fez roncar a sua moto,

E pelo alcool disfarçado,

Pensou enganar á mãe

Mas foi ele o enganado...

Passaram-se várias horas

Ela ligou pra saber,

Se o filho estava bem,

Ele nada em atender.

A velhinha ficou triste,

Já dava pra perceber...

Ouviu pancada na porta,

Bateram bastante forte,

Aí ela então pressentiu

Que era a batida da morte.

Dali pra frente pensou:

"Desta vez não teve sorte"...

E quando a porta ela abriu

Um senhor de bem falar,

Lhe deu a triste notícia,

Deixando-a sem respirar.

Já sei o que vai dizer,

E nem precisa contar...

Ele insistiu contando,

Embora bem consternado,

Senhora, matei o seu filho

Mas não fui eu o culpado.

Infelizmente senhora,

Ele estava embriagado...

Eu seguia em minha mão

E dirigindo normalmente,

Quando vi aquela moito

Vir pra mim rapidamente.

Tentei fazer o que pude,

Pra evitar o acidente...

Ainda tentei desviar

Fazendo o que eu podia

Mas foi tudo rapidinho

Eu vi o que não queria.

Seu filho voou bem alto,

Caindo morto na guia...

Todo mundo então parou

Para ver o ocorrido

Um médico ali estava,

Dizendo ele havia morrido.

Lhe peço perdão, senhora,

Pelo triste acontecido...

Mas pode ficar tranquila,

Mesmo eu não sendo culpado,

As despesas do enterro

Eu pagarei de bom grado.

Infelizmente, seu filho,

Não voltará pro seu lado...

Essa mãe caiu em prantos,

Senhora bondosa e dileta,

Falou coisas horrorosas

Em contra da motocicleta.

Mas somente o motociclista,

É quem traça a morte certa...

Chegaram então os vizinhos

Á ela tentando acalmar

Dizendo, querida vizinha:

"Á moto não podes culpar".

Quem pilota é responsável

De sua vida cuidar...

A senhora sim bem sabe,

Que o seu filho bebia,

E a moto com cachaça

Só nisso que acabaria.

Que o moço descanse em paz,

Nas mãos da virgem maria...

Conforme-se querida vizinha,

Vamos agora rezar,

Pedir ao nosso bom deus

Que o ponha em bom lugar.

E você fez o que pôde

Não pode então se culpar...

Era uma alma boa

Uma pessoa querida

Mas pecou, pobre rapaz

Se entregando á bebida.

A cachaça é desgraçada,

E a ninguém dá guarida...

Motocicleta e bebida

É perigosa mistura

Nunca irão se entender,

Nitroglicerina pura,

O único que ela faz,

Causar desgosto, amargura...

É linda a motocicleta,

O veículo da liberdade,

Que deleita á quem pilota

Mas com responsabilidade.

Se bebeu, ela te mata,

Eis a mais pura verdade...

A moto jamais aceita

Quem á ela desacata.

Não beba pilotando uma

Pois senão ela te mata.

É uma dama educada,

Se a respeita é pacata...

E lá se foi o rapaz,

Que a moto não respeitou.

Bebeu tudo que queria

Mas a moto o enterrou,

Assim ela faz com todos,

Que na cachaça adentrou...

E ASSIM TERMINA A HISTÓRIA

DO QUE A BEBIDA É CAPAZ.

NENHUMA MOTO É CULPADA

SE O ÁLCOOL A DESGRAÇA TRAZ.

MOTO E ÁLCOOL É PRA ESPERTO,

POR ISSO SOU TROUXA DEMAIS!

Finale.

Abraço sóbrio.

Vlws.

Paulada
Enviado por Paulada em 19/05/2009
Reeditado em 25/12/2013
Código do texto: T1602283
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