CABRA BÃO

Cabra Bão

Eu sou um tal de Paulada

Um cabra bom, arrétado

Que não pede benção á Deus

Pois dele é desacreditado

Já que nos botou no mundo

E aquí nos deixou largados

Entre guerras e horrores

E pela fome dominados...

Eu sou um tal de Paulada

Cabra bom de coração

Que divide com os pobres

Suas migalhas de pão

E do sorriso da criança

Faz sua grande oração

Respeitando velhos e velhas

Os amando com devoção...

Porém não gosto de cabra

Que bate em uma mulher

Esse é covarde, safado

Um tremendo "Zé Mané"

Se quer bater, bata então

Num macho forte, de pé

Aí terá, o covarde

Porrada pra sentir como é...

Não suporto falsidade

Tenho horror á traição

Poucos são grandes amigos

Que guardo em meu coração

Não suporto puxa-saco

Que vive em humilhação

Homem covarde e canalha

Só á sete palmos do chão...

Por um amigo de verdade

Dou até a minha vida

Assim como sou solidário

Dando na estrada guarida

Á qualquer um ser humano

Se ajuda fôr pedida

Se precisar e não pedir

Ela será oferecida...

Tudo que destrói meu corpo

E detonar minha mente

estou fora, nem pensar

Seja o "brilho ou aguardente

Cerveja e até o cigarro

Eu chego á achar deprimente

Amo a vida de verdade

Quero cem anos pra frente...

Mas também sou um Paulada

Amante da motocicleta

Tendo um coração mole

E a alma de poeta

Que faço verso á amada

Se ela tem alma dileta

Mas se ela fôr "bandida"

Rapidamente a deleta...

A vida já me deu porradas

mas eu soube aguentar

Por isso encaro de frente

O que ela me aprontar

Já predí meu pai e filha

mas soube bem suportar

Só desaforo não suporto

Se bater tem de apanhar...

Para mim o mais sagrado

É minha querida família

Por ela brigo, mato ou morro

Pois sou o chefe da matilha

Se desacata um integrante

Já preparo a armadilha

Vai comer do que eu der

E ler na minha cartilha...

Medo de macho não tenho

Só se tiver tres culhões

Mas como isso inexiste

Estamos em iguais proporções

Se eu não aguento no braço

Vai nos tiros, nos facões

Mas maltaratar "o Velhinho"

Nem tigres e nem leões...

Nascí para ser feliz

E respeitar todo mundo

Seja Zé, Chico ou bernardo

Pedro, Bento ou Raimundo

Podendo ser pobre ou rico

Muito limpo ou imundo

Trato á todos com respeito

Mendigo e até vagabundo...

Por isso exijo respeito

E muita consideração

Pois não dou ao semelhante

Maltrato edesrespeito não

Se precisar eu ajudo

Preguiça desconheço irmão

E assim sendo feliz

Não quero religião...

O que quero realmente

É muito a vida viver

Poder pegar minha moto

E ir á estrada correr

Com muito vento na cara

E sem medo de morrer

isto é tudo que eu quero

E é verdade, pode crê!

Ele,\=/, O Paulada.

"Nascido amigo, só pra ser solidário, respeitando a todos"