CORDEL - Uma “Forma Jornalística” de outrora, Vira “Estilo Literário” do momento

I

Uma coisa necessária

Numa civilização,

É viver a par dos fatos

Com jornal, televisão,

Internet, rádio e outras

Formas de informação.

II

Nos tempos da Idade Média

Com recursos diferentes

Sem o poder da escrita,

Sem ter os livros presentes

Como saber das estórias?

Ficavam todos carentes.

III

Nos pequenos vilarejos

Um dia especial

Para ficar informado

Saber do bem e do mal

Era no dia da feira:

Uma festa semanal.

IV

Os encontros dos compadres,

Vendedores, namorados,

Artistas se apresentavam,

Lendo fatos engraçados,

Aventuras e romances,

Lendas de reis afamados.

V

Para guardar tanta coisa

Na cabeça, trovadores

Puseram tudo em versos

Aumentando seus valores

(Como que fossem “projetos”

Dos atuais locutores).

VI

Tendo a imprensa surgido

Notou-se a necessidade

De imprimir as estórias

Rimadas, com qualidade,

Substituindo a forma

Antiga da oralidade.

VII

Folhetos vendendo bem

Vivendo grande momento:

Imprensa, melhores ganhos,

Dando ao poeta sustento.

Chegando ao nosso Brasil

Com o seu descobrimento.

VIII

E com o passar do tempo

A obra em difusão

Rumo ao interior

Atingiu nosso sertão

Ganhando bem maior força

No nordestino torrão.

IX

Só no século dezenove

O formato de livretos

Apareceu com sextilhas

Constituindo Folhetos,

Com as estórias contadas

Das praças aos coretos.

X

Daí surgiram os mestres

Dos quais o mais conhecido,

Leandro Gomes de Barros

Por todos enaltecido

Pelo brilhante trabalho

No país reconhecido.

XI

Mas não desapareceu

O perfil do menestrel

Que Visitando as feiras

Em correria cruel

Pendurava rapidinho

Seus folhetos em cordel.

XII

Cordinha muito delgada,

Cordão, ou mesmo barbante:

Sinônimo desse adereço

Que batizou num instante

A nossa Literatura

Popular, inda reinante.

XIII

Nem sempre o vendedor

Constrói os versos que vende.

Mas os declama em parte,

O povo logo se rende

Á "estratégia de marketing",

Leva pra casa e aprende.

XIV

O Folheto de Cordel

Tem nas páginas poesia.

Na capa se tem figura

Quebrando a monotonia,

Esta é feita em processo

Chamado xilografia.

XV

O Cordel trata de guerras,

Romances, filosofia,

Desafios e pelejas,

Mitos e alegoria,

Política, ciências, artes,

A mercê de quem o cria.

XVI

Termino a exposição

Desse trabalho ligeiro

Rendendo uma homenagem

Ao cidadão altaneiro

Cordelista nordestino

Por nome Manoel Monteiro.

31 de maio de 2009 – Dia mundial das Comunicações Sociais

Zé Matuto do Cordel
Enviado por Zé Matuto do Cordel em 19/06/2009
Código do texto: T1657479
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.