Eu e o Pé

Somos velhos conhecidos

Convivendo em simbiose

Somos até parecidos

... Semelhança por osmose!

É ele que me conduz

Aonde vou trabalhar

Sinto ser dele uma cruz

Que ele tem que carregar

Às vezes, um tanto cansado

Recusa-se a me agüentar

Faz uma cera o danado

Querendo um pouco folgar

Meu rítmico de vida é ligeiro

Ele tem que se esforçar

Há um mundo, quase inteiro

Para ele caminhar

Sempre que posso, eu peço

-Agüente firme amigão

Se não, de repente eu tropeço

E lhe sobra a luxação

Certa vez, em correria

De uma escada escorreguei

Pobre dele, que ironia

Se torceu... E eu gritei!

Mas no fim deu tudo certo

Confesso que não me importei

Concordo que não foi muito esperto

E eu prá sempre manquei!

Assim juntos prosseguimos

Um ao outro escorando

Por vezes nos consumimos

Mas vamos sempre tocando

Toda noite, após a jornada

O descanso merecido!

Sinto-me um pouco culpada

Sentindo-o tão dolorido

E para o consolar

Digo que amanhã sossegarei

Nada me fará andar

Quieta, inerte, permanecerei!

Mas ele sabe a verdade

Minha triste condição

Pedestre não tem vontade

Tem mais é que ganhar o chão

Ele enfrenta o inevitável

Com orgulho e seriedade

Este aliado incansável

É minha maior amizade

Se briga comigo ele fica

Indócil sob o calçado

Não dou trato a sua fita

mas vou mancando um bocado!

Mais uma vez dá tudo certo

Voltamos a nos entender

Procuro um banco por perto

Que possa nos socorrer!

Sei que ele é bem teimoso

Rebelde e temperamental

Planta-se numa pose de orgulhoso

Sempre que eu estou na horizontal!

Assim, eu e meu pé

Nos conformamos com a sorte...

Por isso, se Deus quiser

Nos apoiaremos até a morte!

Priscila de Loureiro Coelho

Consultora de Desenvolvimento de Pessoas

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 15/01/2005
Código do texto: T1669