O GEMIDO DO MEU POVO
Ouvi de certo escritor
Do sertão do meu nordeste
Falando de Lampião
Como se fosse uma peste.
O seu nome é Oleron
Que nunca comprou da Avon
Um perfume que se preste.
Fala o homem mulambento
Que já foi, e vá bem ido:
“De tantos maus elementos
A que temos conhecido
É vergonha e humilhação
Para o solo da nação
Lampião, esse Bandido.
Criatura inferior
Pior que tigre e pantera...”
Continua o escritor
E na folha vocifera.
Porém, esse homem nefando
Por não ser parte do bando,
A Lampião, vitupera.
Mas não consegue esconder
O desejo de ser parte
Do bando de Lampião
E por isso diz com arte
Aquilo que é já sabido:
“Lampião, raro bandido”
Do meu povo, é o estandarte.
Quem julgará Lampião,
Se foi herói ou bandido?
Do poder dos coronéis
Defendia o oprimido:
Pessoa que pela terra
Vivendo qual numa guerra.
Por pão, areia e gemido.
E no registro da história
Há muito o que se aprender
Os pobres, sempre o louvaram;
Os coronéis, o prender.
Pois são esses os bandidos
Mas pela lei protegidos,
Que ao povo, fazem sofrer.
Hoje ainda há coronéis
Iguais houve no passado
Tirando o pão do meu povo
Andam de carro importado
Inocentam ao ladrão
E viajam só de avião...
Bando de cabra safado.
Espalhados e infiltrados
Os coronéis do passado
Vivem hoje da política
Na Câmara e no Senado
Prevaricam descarados
Junto a um bando de tarados...
Foro privilegiado!!!
Mas Deus há de me escutar...
Como escutou no passado
O gemido do seu povo
Oprimido e humilhado
Pelas mãos de Faraó
Gemiam que dava dó
Mas, por fim, foi libertado.
No Egito foi Moisés...
No sertão foi Lampião...
O passado tão presente
No deserto do sertão.
Deus há de ouvir o gemido
Desse povo tão sofrido
E salvar esta Nação.
Moses Bem ADAM
Ferraz de Vasconcelos, 2208/2009