MUNDO CÃO

As pessoas estão loucas,

inseguras, problemáticas

tal equações matemáticas

E fazem caras e bocas

em seus assuntos diários

fúteis e desnecessários.

Ninguém quer vê-lo feliz

contente e chutando lata

ou afrouxando a gravata

depois de fugir por um triz

da repreensão de um chefe

ou rela de um mequetrefe.

Se ligam para sua casa

na hora do seu descanso

é pra dizer que o Amâncio

César de hoje não passa...

Como se fosses um jornal

para absorver furo policial.

Não querem seu bem estar

se lhe dão notícia ruim

como se quisessem o fim

de todos em qualquer lugar.

Alguém diz: fulano morreu...

e outro: Se fodeu, meu!

Abro o jornal com medo

do sangue sensacionalista

pois é de doer na vista

e de causar pesadêlo

no mais incauto leitor

com as fotos do terror.

Vendem a tragédia alheia

com a maior cara de pau

como se escrever jornal

não é para que se leia

a notícia, mas o enfoque

é para causar choque

Para nos estarrecer

e mexer com o emocional

tornar a coisa passional

para nos enfraquecer

e nos tornar dependentes

de seus furos decadentes

Assim como a televisão

com seus filmes de terror

poucos programas de humor

e a péssima programação

reservando o horário nobre

para o telespectador pobre

Não há programas culturais

quem abordem a realidade

que estimule a sociedade

a consumir e a ler mais

Uma cultura brasileira

sem reflexo da estrangeira

e sem erros gramaticais

e as gírias, vícios de linguagem

modismos que a malandragem

utiliza em nossos dias atuais

deturpando a nossa língua

e o português que míngua

em função de estrangeirismos

que embolam a fonética

mexendo com a estética

com nossos brasileirismos

é o nosso jeitinho nacional

de achar que é tudo normal.

Pessoas nos consultórios

nas filas dos hospitais

em salas emergenciais

clínicas e ambulatórios

aguardam cura espiritual

para enfermidade material

Nos corredores de hospitais

correm loucos os servidores

e os pacientes sofredores

de seus problemas mentais

e correm vários receituários

médicos e seus talonários

prescrevendo um sossega leão

para um maluco em surto

e em estado de curto

circuito, meu irmão...

com tanto doido na rua,

a preocupação é toda sua!

As dificuldades financeiras

pesam mais que os traumas

que pôe enfermas as almas

buscando espaço nas feiras

e no sobe e desce da vida,

mais descida que subida.

Já nem ligo mais a televisão!

ou é um barraco de família

com todo mundo na vigília

com irmão xingando irmão;

ou é mãe e filha brigando

com todo mundo se matando

Ou é aquela violência

com cenas de terror

em que o choque o pavor

vem com certa indecência

do nu predominando na tela

do horário nobre da novela

e o vídeo-game da vida

com sua violência diária

de nossa vida proletária

segue e de forma sofrida

trazendo medo e suspense

e antes que a gente pense

Nos faz refén da angústia

que criamos em nós mesmos,

vítimas dos desmantêlos

do mundo e sua astúcia!

Aí, a violência se instala

no quarto, na rua, na sala

como sofre o homem moderno

com a pressão do consumo

que nos faz perder o rumo

e ir de encontro ao inferno

e nos mantém presos na teia

da violência em cadeia!

E toda forma de pressão

faz da nossa dignidade

e a nossa honestidade

não valha nada meu irmão!

Em que é sinistro sofrer

e maneiro padecer.

Porque o sistema capitalista

com suas particularidades

nega as oportunidades

em sua ótica estadista

porque não existe regra

quando o sistema segrega!

Edilberto Abrantes
Enviado por Edilberto Abrantes em 18/10/2009
Reeditado em 20/08/2023
Código do texto: T1873203
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