"TIO FLÁVIO": RIQUEZA QUE VEM DA ALMA - A

Há tempo nesta cidade

Um negro de certa idade

Em sua santa demência

fazia-se excelência

Criatura sem maldade

Arquétipo de coronel

Montava em seu cavalo

Era questão de segundos

E chegando ao hospital

Dava ordem para os médicos

Já passava dos oitenta

E aí tudo é normal

Repreendia o prefeito

Quando a coisa não cumpria

Achava em tudo defeito

Quando a língua lhe ardia

E com a cabeça erguida

Parecendo uma enguia

Transformava-se em sorte

Sua lendária maestria

Uma figura carismática

"Tio Flávio" foi, muito além

Aqui nestas cercanias

Foi rico sem ter riqueza

Mesmo assim sem ter nobreza

Era assim que ele sentia

Mas, como a riqueza é d’alma

Em cada um que a tem

"Tio Flávio" era rico assim mesmo

Não tendo nenhum vintém

Tantos com tantos tesouros

Não se olham prá ninguém

Constroem seus mundos a parte

Do jeito que lhes convêm

O conto desse folclore

O mais engraçado que vi

Ao chegar no hospital

Chamava o Dr Ari.

E na cordial demência

Ele ia dizendo assim:

--- Cuida bem da Santa-Casa

Ainda volto por aqui

O cavalo tá lá fora

Tenho agora que partir.

Dinis
Enviado por Dinis em 18/11/2009
Código do texto: T1929605
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