BRIGA NO GALINHEIRO
Hoje conto pra vocês
Uma briga de primeira
Dessas de descer ladeira
Coisa de perder freguês
Foi logo depois das três
Duma tarde ensolarada
Parecia guerra armada
Tinha bicho de montão
Uma baita confusão
Que varou a madrugada
Na fazenda do jorjão
Existia um galinheiro
O xodó do fazendeiro
Era sua criação
Ele é que punha a ração
Ele é que lá vacinava
Até água ele botava
Ele ia e decidia
Quem nascia, quem morria
Quem saía, quem ficava
E cuidando do pedaço
Tinha um galo garnisé
Cujo nome era Bené
E mandava no espaço
Tinha espora que era aço
Que ele usava pra brigar
Furioso pra danar
Todo galo respeitava
Toda fêmea ele pegava
Pra bater não tinha par
Mas chegou no galinheiro
U´a tremenda novidade
Cheio de felicidade
Foi ciscando no terreiro
Rebolando bem faceiro
O patinho Carrapato
Ele veio “no sapato”
Todo cheio de perfume
Brilho feito vaga-lume
Era lindo o tal do pato
O Bené não se continha
Esporava como o quê
Tava louco pra bater
Queria cair na rinha
Só pra não perder galinha
E o pato, boa pinta
Só gingava e dava finta
Ciscava pra gala nova
Dava ele toda prova
Que pegava mais de trinta
Ao se ver desafiado
O Bené perdeu a linha
Chamou o pato pra rinha
Brabo feito cão danado
Atacou pra todo lado
E batia e bicava
E piava e cantava
Dava chute, cabeçada
Assustava a galinhada
E de ódio ele babava
O patinho debochado
Rebolando se esquivava
Cada pulo que ele dava
Deixava bené cansado
Furioso, atordoado
A galera que assistia
Assustada c’o que via
Sacudia agitada
Se empolgava c’o as porrada
Sem saber pra quem torcia
Era pinto que gemia
Era galo que apostava
A penosa suspirava
Sentindo baita agonia
Com Bené ela dormia
Mas flertava carrapato
Antes que ficasse chato
Escondeu o seu pintinho
Bicho meio esquisitinho
Meio galo, meio pato
A história só findou
Quando Jorge apareceu
Ele não compadeceu
Carrapato ele cortou
Garnisé ele matou
E o almoço foi regado
Cheinho de convidado
Quem gostou foi a mulher
Que assou um garnisé
‘Inda fez pato ensopado.
***************
Danilo Louro
13/07/2006
Danilo Louro