COMO O CU CHEGOU À CHEFIA DO CORPO HUMANO.

Quando o homem veio ao mundo

Houve grande reunião

E entre os órgãos do corpo

Já teve uma confusão

Pois todos eles queriam

Do corpo se o chefão.

O cérebro muito importante

Deu logo seu ultimato.

Pelas as minhas funções

Este meu desiderato

Melhor desempenharei

Pois sou muito mais sensato.

Também devido ao fato

Das responsabilidades,

Desempenhadas por mim,

Ser de alta capacidade.

Pra tomarem decisões

Falta-lhes mais qualidade.

Mas que grande insanidade!

Já foi dizendo o coração.

Aqui quem manda sou eu.

Pois a minha pulsação

É quem irriga de sangue

Dos pés a palma da mão.

O sangue dá combustão

Para o corpo funcionar.

Portanto, se não for chefe

Deixarei de trabalhar

E quero ver com o corpo

Vai poder se alimentar.

Se isso aqui continuar

Lá atrás falou um rim.

Se nós dois não formos chefes

Tudo vai ficar bem ruim

Ora, se nós somos dois

Vamos fazer um motim,

Breve será nosso fim

Pois sem o metabolismo,

Para segregar a uréia,

Para fora do organismo

E tirar a creatinina

Qual será o mecanismo?

Mas com muito diabolismo

Falou também um pulmão

Se nós não formos os chefes

Não há mais respiração

E pela falta de ar

Vocês todos morrerão,

E uma morte feia terão,

Fiquem todos avisados:

Se a chefia não nos for dada,

Morrem todos sufocados,

Buscando ar nos pulmões

Com olhos esbugalhados.

Mas lá do fundo sentado

Foi também falando o cu:

Aqui quem manda sou eu.

E acabou-se o vuvu.

Os presentes espantados

Já foram gritando:tu?

Formou-se aquele sururu.

E passaram a botar;

Tanto apelido no cu,

Que ficou só a escutar,

Quieto, e em nenhum momento,

Fez menção de revidar.

Passaram a lhe chamar:

Bufante, quincas, anel,

Fedorento, ás de copas,

Fiofó, boga, carretel,

Rosca, rosquite, rendondo,

Até roscofe e borel.

Depois desse escarcéu,

O cu logo entrou de greve.

Efeitos não demoraram.

Foram sentidos em breve.

Veio uma dor de barrica,

Uma dorzinha bem leve

Prevenir sempre se deve.

A barriga ficou inchada.

Que deu uma falta de ar

A boca ficou ressecada

Os rins não mais funcionavam

Coração em disparada,

Com a pressão muito alterada.

Gases sufocando o peito

Cérebro não trabalhava

Não dava ordens direito.

Desesperados gritaram:

Deem a chefia pro sujeito.

E foi assim desse jeito

Que o cu passou a ser chefe

E logo ganhou a parada

Usando apenas o blefe

Na luta pelo poder

Não deu nem mesmo tabefe.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, DEZEMBRO/2009.