Lembrando Zé Limeira

Sou o verso do grande Zé Limeira

Na viola que o tempo não calou

Qualquer um que você já humilhou

Foi poeta de beco e bebedeira

Sou a morte na ponta da peixeira

Que arranca pra fora o fato seu

Sou a pena que o criador te deu

Sou um coice de jegue no seu peito

Você hoje me paga o que tem feito

Com os poetas mais fracos do que eu

Sou pior do que onça e jararaca

Eu mastigo o chucái da cascavel

E tentar me afrontar, mesmo em cordel

É igual dar murro em ponta de faca

Sou a morte que espreita quem ataca

Já lutei inté lá no Coliseu

Nunca ví banguela morder pneu

Nem poeta ruim cantar direito

Você hoje me paga o que tem feito

Com os poetas mais fracos do que eu

Quando eu chego e quebro o chapéu na aba

O leão se transforma num gatinho

Carcará fica igual a passarinho

E a brabeza de um touro se acaba

O castelo de qualquer um desaba

Até mesmo um Lampião correu

Dei um tapa na fuça que doeu

Pra poeta ruim botar defeito?

Você hoje me paga o que tem feito

Com os poetas mais fracos do que eu

Tarcísio Mota
Enviado por Tarcísio Mota em 31/12/2009
Reeditado em 26/01/2010
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