O mão nólogo
Estava eu a caminhar,
Em uma tarde de verão,
Sozinho a divagar,
Na justiça e na razão.
Um muro era proteção,
Do sol já no poente
E de luz pra solidão,
Da minha alma cadente,
Um sussurro de repente,
Escutei do outro lado,
Será que era de gente!
Tão lindo e gemente fado?
Ali, parei calado,
Para poder escutar,
Versos de um amado
O seu amor a declarar.
Promessas de amor sem par
Eram os versos tão belos,
Que só pude comparar,
Com fadas e príncipes singelos,
Promessas de lindos castelos,
Pintados de todas as cores,
Tinha até um amarelo.
Para curtir seus amores.
Pra ti farei andores,
Como os das santas famosas,
E irei aonde tu fores,
Dando-te caricias mimosas.
Darmi-ei como um anexo,
Para toda a tua vida,
Nada te será funesto,
Só felicidade querida.
Nunca serás ferida
Nesse entra, entra e sai,
É tão gostoso na ida,
E na volta ainda mais.
Não diga nada a seu pai,
Pois contigo não casarei,
Sai de perto de mim, vai!
Não quero mais, gozei.
Ouvindo aquilo me revoltei!
Com a safadeza do vilão,
Pulei o muro e encontrei,
Um poeta limpando a mão.