Nosso Sinhô de Iguape

CUMPRINDO MINHA PREMESSA,

VÔ CONTÁ, SEM MUNTA PRESSA,

UM CASO QU SE PASSÔ;

FOI NO SEC’LO DEZESSETE,

NOS ANO QUARENTA E SETE,

QUE TUDO ISSO COMEÇÔ.

II

DOIS ÍNDO DO FLORIANO,

PUR VÓRTA DAQUELES ANO,

FÔRO PRÁ ITANHAÉM;

FOI BEM NA PRAIA DA IÚNA,

JUNTO AO RIO PASSAÚNA,

QUE SE DEU ESSE PORÉM.

III

ALI, NAQUELA PASSAGE,

ACHÁRO OS DOIS UMA IMAGE,

DE JESUS, JOGADA AO CHÃO;

E, PERTO DONDE ELA TAVA,

JÁ NA AREIA SE AFUNDAVA,

UM PIQUININO CAXÃO.

IV

ANTES DE SEGUÍ VIAGE,

INTERRARO A TAL IMAGE,

VORTADA PRÁ ITANHAÉM;

E, INQUANTO OS DOIS CAMINHAVA,

OS ANJO QUE OS ISPIAVA,

REZAVA, DIZENDO “AMÉM”.

V

OS ÍNDIO DO FLORIANO,

VISITARO ANTONHO SERRANO,

E O ACHADO RÔRO CONTÁ;

O SERRANO SE ASSUSTÕ

E PARA OS ÍNDIO CONTÔ

O QUE TAVA A LI ASSUSTÁ:

VI

É QUE O POVO TAVA AFLITO,

COM ARGO MUNTO ISQUISITO

QUE ACABARA DE OCORRÊ:

- UM ISTRONDO DE TROVÃO,

VINDO DO MAR, UM CLARÃOI

E MUNTO SINO A BATÊ!

VII

VORTÁRO OS TREIS PELA ESTRADA

E AQUELA IMAGE INTERRADA,

TAVA NÔTRA POSIÇÃO!

-“VÔ LEVÁ-LA A ITANHAÉM”-

DISSE SERRANO. “PORÉM,

VAMO PÔ-LA NO CAXÃO”.

VIII

O CAXÃO FICÔ PESADO,

NUM PODE SER CARREGADO,

E FÔRO AJUDA PEDÍ;

MUNTOS HOME INDA VIRIA,

PUR MAIS FORÇA QUE FAZIA,

NUM TIRARO ELE DALI!

IX

MAIS A BEATA CECILHA,

QUE, DOS GÓIS, ERA UMA FILHA,

LEMBRÔ-SE DA PROFECIA:

- UM ÍNDIO, DISSE QUE O CRISTO,

NUM CAXÃO SERIA VISTO,

PRAQUELAS BANDAS, UM DIA!

X

NUM TERIA NEM ISCAPAGE,

ELE IRIA PARA IGUAPE,

DISSERO, PRA SÊ BREVE!

MUDARO OS HOME DE IDÉIA

E O CAXÃO, LÁ DA JURÉIA,

FOI FICANDO LEVE, LEVE ...

XI

LÁ NO IGUAPE, NUMA FONTE,

NUMA GRUTA, AO PÉ DO MONTE,

A IMAGE FÔRO LAVÁ;

DISPOIS, O MORRO SUBINDO,

UM ÍNDIO, MORTO E SORRINDO,

ELES PUDERO INCONTRÁ.

XII

FOI ISSO QUE ACONTECEU

QUANDO O CRISTO APARECEU,

EM IGUAPE, SIM SINHÔ!

PURISSO, QUANDO VÔ LÁ,

NO SEIS DE AGOSTO, RZÁ,

EU RÉZO, CUM MUNTO AMÔ!