MEU ENCONTRO COM O UNIVERSO LITERÁRIO: ILUSÕES, FANTASIAS E ABSTRAÇÕES

Quando eu era criança

Já vivia a brincar

Reunia as colegas

E brincava de ensinar

Já se delineava

Vocação por educar

A educação vem de berço

Mas é bom que se construa

Incentivar o ato de ler

Gesto que se perpetua

Pois o conhecimento

É uma conquista só sua

Eu tive uma infância difícil

Não temo em comentar

Não havia muitos livros

Para poder fomentar

Minha sede de aprender

Tive que me contentar

Sei que minha mãe

Veio a incentivar

Eu desde muito cedo

Comecei a estudar

Com minha Professora Alice

Fui ter aula particular

Eu gostava muito dela

Porque me deixava avançar

Eu gostava de escrever

E comecei a despertar

O gosto pela leitura

Lia em todo lugar

Eu sei que a literatura

É como canção de ninar

Basta fechar os olhos

Pra gente poder lembrar

Desde os contos de fadas

As histórias de arrepiar

Vovó contava lendas

Quando eu era menor

E a do Bicho Papão

Eu achava a pior

Ele era uma ameaça

Que estava sempre ao redor

O tempo foi passando

E eu logo despertei

Vi que fadas não existem

Com a infância que eu passei

O meu pai foi embora

Questionava onde errei

Fui amadurecendo

Vi que o erro não estava comigo

Não tenho culpa de nada

Nem acredito em castigo

Ele foi irresponsável

Hoje eu penso e não ligo

Quando chegava o natal

Eu ia me preparando

Merecia um presente

Que já estava chegando

Papai Noel não vinha

Eu fui me decepcionando

Quando eu acordava

Muita tristeza eu sentia

E nos olhos da mamãe

Uma lágrima eu via

Por não ter podido comprar

O presente que eu queria

Eu fui então fazendo

Muita comparação

Da minha realidade

Com um livro na mão

Alice no País das Maravilhas

E entrava em contradição

E assim eu fui crescendo

E eu quis me transportar

Para um mundo melhor

E então eu fui sonhar

Lendo a Revista Júlia

Pra poder aliviar

Os romances dessas revistas

Costumava devorar

Eu tinha muito pressa

Queria vê-la findar

Ela me transportava

No tempo e no lugar

Lembro-me de quando eu era

Uma colegial

Cantávamos o hino

Tinha oração inicial

Hoje os tempos são outros

E as coisas vão bem mal

Para se tirar boas notas

Tínhamos que merecer

Íamos à biblioteca

Para poder aprender

Hoje o aluno cola tudo

Sem precisar escrever

Com essa mentalidade

O país não caminha

Educação é algo sério

Não um jogo de advinha

Se não tiver atitude

Vai ficar no fim da linha

Eu sei dos prejuízos

Da educação tradicional

Mas tem pontos positivos

Não desprezo por total

Lembro-me que estudávamos

Até a educação moral

Com tanta corrupção

Isto é essencial

Lembro-me dos clássicos

Que achei fenomenal

Admirava o requinte

Da escrita sem igual

A cada clássico que eu lia

Começava a suspirar

Era própria Iracema

Do romance de Alencar

Nos meus lábios tinha mel

Eu poderia jurar

Gostava de Ali Babá

E dos 40 ladrões

E era apaixonada

Pela obra de Camões

Os ladrões estão no senado

Já não tenho ilusões

Também lia as histórias

Das letras das canções

Que são carregadas

De ideais e de emoções

São histórias de vida

Com melodia e versões

Para os meus alunos

O melhor quero ofertar

Não importa a escola

Muito amor tenho que dar

E eu conto as histórias

Também gosto de criar