A GALINHA DO PADRE

Numa pequena cidade
do interior nordestino
tinha um padre bem gordo,
chamado padre Firmino;
criava ele uma galinha
que se chamava Belinha,
tendo tratamento fino.

O padre tinha um vizinho
que se chamava Tonico,
um sujeito extrovertido
que já fora muito rico;
ele adorava beber
e tinha o maior prazer
quando alguém pagava mico.

Durante a semana santa
em toda a região
o povo tinha o costume
de roubar por diversão,
a galinha do vizinho
pra comer tomando vinho
sexta-feira da paixão.

E naquela sexta-feira
Tonico pra variar,
junto com outro amigo,
foi a Belinha roubar;
enquanto o padre cantava
e na igreja rezava,
sem nada desconfiar.

Mataram a pobre galinha,
estava grande e pesada,
na panela de pressão
logo ela foi cozinhada;
depois, Tonico malino,
convidou padre Firmino
para comer a danada.

E depois de meia-noite
chegou o padre Firmino,
ele vinha transtornado
como se fosse um menino;
dizendo que procurou
Belinha e não encontrou
e não sabe seu destino.

Tonico logo arranjou
para o padre uma cadeira,
serviu a gorda galinha
com arroz e macaxeira;
e pra ficar mais calminho
serviu um litro de vinho
que estava na geladeira.

O padre com muita gula
comeu veloz como o vento,
e até da sua Belinha
esqueceu por um momento;
bebeu e muito sorriu,
comeu muito e repetiu
até ficar sonolento.

Tonico chegou pro padre
e disse em voz baixinha:
“Perdoe-me, senhor vigário,
pela brincadeira minha,
mas essa ave gostosa
é a sua preciosa
e estimada galinha!”.

O padre olhou pra Tonico
e fez uma cara feia,
e disse em voz bem alta:
“Você é um cabra de peia,
e um cabra tão ruim assim
merece é ir pra cadeia”;
depois ele foi pra casa
com olhos vermelhos em brasa,
dormir de barriga cheia.