Viajando para trás

Eratóstenes em Alexandria

Duzentos antes de Cristo

Da terra ele mediria

Com métodos mui restritos

E sem sair da moradia

Deixando tudo escrito

A circunferência da terra

Sem nenhuma tecnologia

Ainda hoje agente erra

Na velha trigonometria

Mas nela ele encerra

Quarenta mil de sabedoria

Trinta e nove mil e centos

mais trinta agora temos

Estirado em comprimento

Que com aparelhos vemos

Sem nenhum arredondamento

Medir agora podemos

Em quilômetros medidos

Do equador todo ao redor

Assim ficou decidido

A medida mais nova, só

Valer para entendidos

Das duas medidas a menor

Se pegarmos essa medida

Dividir por vinte e quatro

Velocidade aludida

Não é peça de teatro

E nem coisa expandida

Exposta num anfiteatro

Mil seiscentos vinte e dois

Quilômetros cada hora

Não sentido por nós, pois

A relatividade ignora

Somos do mesmo depois

Do hoje e do mesmo agora

Relativo é o tempo

Éter de todas as massas

Einstein foi muito lento

Contando as suas passas

Sem fazer nenhum lamento

De Newton tirando raça

Mais vamos fazer a conta

Esquecendo o relativo

Um veículo de ponta

De velocidade ativo

Que a rotação desconta

Aquela que reza os livros

Um veículo dotado

De velocidade dobrada

Indo para o outro lado

Da terra em sua rodada

Sair de um lugar marcado

E à hora da chegada

Se a terra dá uma pra frente

Você daria duas para trás

E a conta transparente

Agente não faria jamais

Pois já cabe no consciente

Que no tempo tu voltarás

Para nós chegarmos ontem

Seria hoje a saída

Assim faria uma ponte

Para o ontem da partida

De tempo, uma boa fonte

Pra almas arrependidas

Para mim voltar no tempo

Eu daria qualquer coisa

Desmanchar os contratempos

Escrever em nova loisa

Como um bom passatempo

Ou para mudar o poisa