Morte Alegre

Sou um pobre aposentado

Que na praia fica olhando

As lembranças do passado

Que me passam rebolando

Como não sou um tarado

Calado fico espiando.

Espio com olhos grandes

Escondidos atrás das lentes

As pupilas se expandem

Ficando meu sangue quente

A vontade não se engane

Mata o interior da gente

Com um pouco de dinheiro

Não é triste meu padecer

Ainda tem os chuveiros

Onde elas comprem um daver

Tiram areia do pandeiro

Para todo mundo ir ver

Tem dias muito poluídos

Verdadeiro disparate

Chega a fazer ruído

O montante de descarte

Só tem peitos caídos

E uma poção de alicate

Aí eu volto para casa

Fecho a porta e a janela

Prefiro uma cova rasa

Do que uma vista daquela

Não que eu seja uma brasa

Mas aprecio as mais belas

Ainda bem que é maioria

O corpo querendo mostrar

Bem na frente da moradia

Onde fico a comparar

Não importa se é Maria

Eu só quero amor servar

E isto me mantém vivo

Ajudando a caminhada

Como um bom lenitivo

Fortalecendo a jornada

Não levo nada aflitivo

Pra minha ultima morada