"HUMILDES VERSOS"
Os versos os quais componho
Que não são sonetos, poemas
Estão fora de qualquer regra
Não aceitando esquemas
São só escritos populares
Não super produções pra cinemas...
São versos pobre, ao humilde
Pra todo e qualquer mal letrado
Pro negro da periferia
Também pra qualquer pé inchado
Pro mendigo da igreja
Que pede ao cristão um trocado...
Cordel meu, cordel carioca
Bem simples, o mais vulgar
Bem comunzinho, o coitado
Só tendo valor no rimar
Mas alegra o cidadão
Que livro não pode comprar...
Canta ele o dia a dia
A desgraça do pobre, a rotina
A falta do pão, do remédio
E até daquela vacina
Que o pobre operário não toma
Porque seu salário é propina...
Meus versos são gritos de dor
Da criança abandonada
Do velho que passa fome
Enquanto a nação é roubada
Do pobre doente em hospital
Sem a doença ser tratada...
O que escrevo é também
Pra prostituta do bar
Pra mocinha que vende o corpo
Pra poder se alimentar
E pra quem anda em estradas
Sem condição de rodar...
Mas meus versos ainda são
Pra toda mulher mal amada
Também pro marido traído
Que em si vê crescer a "galhada"
Que lhe cultiva a mulher ingrata
Messalina e bem safada...
E sem nenhuma pretensão
Que possa um dia aparecer
Meus versos não querem nada
Só prazer no escrever
Pra que os pobres viventes
Lhes tenham acesso e possam ler!