Sou relho para bater / No teu lombo toda hora
Fragmento de Cantoria Virtual empreendida na Comunidade Projeto Cordel, do OrKut, em julho de 2009. Aqui seguem as estrofes do poeta Sander Lee. Quem se interessar poderá acessar a cantoria integral na naquela comuna.
A oitava maravilha
É cantar de improviso
Mas deixo aqui um aviso
A coisa que mais humilha
É cantador que na trilha
Não improvisa, decora!
Nesse meto a espora
Pra ele se converter
Sou relho para bater
No teu lombo a toda hora
Mamãe cantava na feira
Papai tocava ganzá
Na fraqueza munguzá
E pamonha sem peneira
Não preciso de peixeira
Pra dá em cantor caipora
Se for fouxo vá-se embora
Ou fique para sofrer
Sou relho para bater
No teu lombo a toda hora
Sou cipó de aroreira
Pra dá em cantador ruim
Porque o vate chinfrim
É feito mulher barbeira
Não falo de brincadeira
Me respeite e vá embora
Se ficar aguente a tora
No teu pescoço a comer
Sou relho para bater
No teu lombo a toda hora!
Um cantador sem repente
É como um cantor sem voz
A batalha é feroz
Ninguém disso é inocente
No front eu não sou clemente
Se isso você ignora
A surra começa agora
Vou botar pra derreter
Sou relho para bater
No teu lombo a toda hora!
Eita fonte de lezeira
Isso que estou ouvindo
Tanta gente aqui mentindo
Parecendo lavadeira
Vou afiar a ponteira
Escurecer sua aurora
Corra, pule, dê o fora
Pois comigo vai perder
Sou relho para bater
No teu lombo a toda hora!
Crepúsculo no Sertão
Tem uma beleza infinda
Um cantador na berlinda
Mostra ao mundo a razão
Da geral opinião
Porque no Sertão aflora
O repente sem demora
Sem precisar de moer
Sou relho para bater
No teu lombo toda hora!
Sou assim feito Tião
Não me junto à torcida
Porém não acho perdida
Toda essa animação
Se em cada ocasião
For pra relação melhora!...
Mas se for para a piora
E ostentação de poder
Sou relho para bater
No teu lombo toda hora
Certa vez tomei um trago
Com o poeta Xudu
Foi um pancão de Pitu
O 'figo' quase estrago
Porém na memória trago
Um pouco da sua 'históra'
"Pus o terno na penhora,
Pra livros comprar e ler..."
Sou relho para bater
No teu lombo toda hora
Quando eu canto, o vate ruim,
Desembesta na carreira,
Sai rolando na ladeira
Para deixar de pantim
No cantar sou mandarim
Não canto com quem deplora
Cabra de velha pletora
Só vem para se abater
Sou relho para bater
No teu lombo toda hora
Mote: Luciene Soares
Glosa: Sander Lee