Um homem chamado Pedro!

Vou contar uma história

De um homem chamado PEDRO.

Acreditem se quiser

É tudo bem verdadeiro!

Quando jovem e simpático

Corações despertou,

Era chamado "PEDRO das moças"

Sua mãezinha o apelidou!

Muito jovem se casou,

Mas logo viuvou,

A filha que nasceu

Porém não vingou!

Falam de outra moça

Que ele namorou

E na barriga dela

Outra filha botou.

Quando a solidão bateu

Tempo ele não perdeu!

Gostou de outra moça

Logo conviveu

Tres filhos ela lhe deu

Estão todos bem vivos

Com a graça de DEUS!

Não deu certo a convivência,

Solteiro logo ficou

Piscou para outra moça

E logo se apaixonou!

Namorou por onze meses

Foi ao Padre e se casou!

E com Amália outra família formou!

Fazia um filho a cada ano,

Boa saúde

Bom vigor!

A cama que era forte

Ficou inteira não quebrou!

Seis rapazes e seis moças,

Safra boa ele gerou!

Homem forte e honesto

Alegre e trabalhador

cobrador em sua porta

Graças a DEus nunca pisou!

Criou gado, porco e ovelha

A cavalo sempre montou!

Da lavoura prosperou,

Porém rico não ficou!

Com seus filhos é amoroso,

Suas experienccccias quer nos passar

Severo quando preciso

Taca na mão se precisar!

Mal exemplo não nos deu,

Cachaça nunca bebeu,

Nem cuspiu no chão do bar!

Matava cobra de pau

Cascavel com o facão

Adivinhem do que PEDRO tem medo?

-De filhote de azulão!

Andando em seu cavalo a noite

Assombração diz ter visto,

Não sei se é verdade,

Também eu não duvido!

Pelo caminho onde andava

Todos o conhecia,

"Esse é filho de Filhinha

Que canta e assobia"

Voltando ao passado de PEDRO,

Ainda tenho o que contar,

Na segunda guerra mundial

Foi convocado a lutar!

Vendeu tudo o que tinha

Até o facão e a bainha

Pois solteiro ainda se mantinha,

Pensando ele:

"Vou morrer aqui não vou mais voltar"

Foi parar na rua da palha,

Nos cabarés foi gastar!

Ao embarcar no naviu

Armado com seu fuzil

Pensou porque não fugiu

Dôr de barriga sentiu,

Coisa igual nunca sentiu!

Ainda embarcado no naviu

A notícia logo chegou

" A guerra acabou!"

Alegre ele ficou!

Para Maíri voltou!

Voltando para casa

Com uma mão atraz outra na frente,

Ficou a pensar:

"Tenho sementes, vou plantar"

Teve que recomeçar!

Para mais pobre não ficar!

Quando a roça não dava,

E a seca castigava

Topava qualquer parada!

De pedreiro a marcineiro

Ele também trabalhava!

Enfermeiro foi um dia

Não dá para esquecer,

Na Fazenda Flôres todos iam

Se vacinar para não morrer!

Aplicava injeções

Aprendeu com o farmacéutico,

Simplesmente para servir o próximo

Nunca foi políco

Para ser eleito!

Dos filhos tinha o caçula

Onde PEdro ia levava!

Chamava ele de "LINDO"

E no cabeçote botava

Gil fedia a gambá,

Só Pedro que não notava!

PEDRO viu seu filho doente

Logo se preocupou!

O médico disse:

"É paraleia infantil, meu senhor"

Os remédios não faltou

E feito o tratamento,

Fau, capenga ficou.

PEDRO plantava

MIlho, feijão,

Abóbora e melancia!

Nada sobrava para vender

Os filhos tudo comia!

Banana, abacaxi e laranja

Aimpim também plantava!

Mas a renca de meninos

Tudo devorava!

Farinha, bejú e puba,

Ele também fabricava

Porém metade de tudo

Na barriga dos filhos ficava!

Feroz era o nome do cachorro dele,

Tenho orgulho de falar

Sincero amigo de PEDRO

Vivia a caçar

Valente igual não há!

Rapousa em nossa porta

Por longe ia passar!

Vendeu a fazenda Flôres

Comprou a fazenda Encantada

Nada desconfiava

Que entrava em uma roubada!

Aborrecido vendeu tudo!

E para Feira de Santana se mudou!

Nova vida começou,

Logo se aposentou

"Agora vou ser vovô"

As filhas casaram todas

Solteiras não ficaram

Bonitonas como eram

Logo desencalharam!

Os quatro filhos casaram também

Todos com moças de bem

Adiantaram o serviço

E logo veio nénem!

Mas todos precisam saber

"São discardos também"

Só resta o Luis

Que solteiro ainda está

Pintou muito nesta vida

Agora convertido está

Encontrou Aline

Em julho vai se casar!

Com PEDRO os filhos

A lição aprendeu

Um neto a cada ano lhe ofereceu!

Em 1981 a Lú nasceu

E para padrinho dela

PEDRO se comprometeu!

Mas em 1985

As filhas exageraram!

Quatro delas engravidaram

Até gêmeas nasceu!

Quem muito nos alegrou!

PEDRO então diz:

"Quanto neto meu Senhor"

Triste mesmo ele ficou

Quando uma das suas filhas

Se mudou foi para outro estado

Sentia saudades dos netos

Que para o Piauí levou!

Na rua onde morava

PEDRO em casa não parava

Conversava com todos

Só DEUS sabe do que falava!

Não era sobre novelas

Porque ele detestava!

Sentado no passeio de casa

Toda moça ele notava

Tinha sempre uma medota

Sabe Deus o que ele pensava!

Passou um tempo na capital

Na casa de uma das filhas ficou

Fez muito dengo a um neto

E as empregadas cantou!

Esse homem aprontou,

E bonito não ficou!!!

No comercio da minha irmã

Ele também trabalhou,

Amizades construiu

TOdos ainda hoje perguntam:

"Porque Sr. PEDRO sumiu?"

Agente quando ama

Parece não ter jeito

Fala das qualidaes

Esconde todos os defeitos!

Falar mal dele não posso,

Não tenho esse direito!

Não gosta de ver as netas

Namorando aos beijinhos!

Quando era novo PEDRO aprontava!

Agora quer ser "Santinho"

Com o neto e afilhado

Que vivia chamegando

Agora vive brigando

"Lipe está aprontando!"

Lipe logo se defende:

"Vovô tá é caducando!!"

PEDRO é uma parada

Não dá para aceitar

Que depois de 47 anos

Aprontando sem parar

A esposa resolveu lhe dispensar

Agora sozinho está,

Um pra lá outro pra cá!

Sem os filhos aprovar.

Comprou uma casa perto

Das filhas para morar,

Eu fui convidada por ele

A cosntruir no primeiro andar!

Vai ter que andar certinho

Ou então vai ter que se explicar!

A uma vizinha nossa

Fez uma proposta daquela...]

Fomos perguntar a PEDRO

Ele disse:

-"É mentira dela"

Não vou cantar essa moça

Que além de capenga é banguela!"

Sem ter o que fazer

Ele fica a inventar

Criando até galinha

Para o ovo ela botar,

Conserta até sapato velho

Para os filhos agradar!

Dos genros que ele tem

Tem um que ele adora

Não bota o Lício no colo

Porque ele não usa caçola!

De Toi ele gosta muito

É um genro de fé!

Vai muito na casa dele

Pra tomar do seu café!

De Nato ele não tem o que comentar

É um homem muito bom

Pena não saber nadar!

Vive a beijar sua filha

Que loira insiste em ficar!

De Barbosa o galêgo

Ele não tem o que dizer

Se hoje está aposentado

Tem muito a ele o que agradecer!

PEDRO também gosta muito

De Dito e Paixão,

Tudo que eles falam com ele

É na gozação

Fundou o clube do PP

Sem pedir permissão!

Nunca foi a escola

Professor também não teve

Sozinho ele estudou

Analfabeto não ficou

Se estuda mais um pouco

PEDRO virava doutor!

Fica na porta da rua

Vendo quem passa por ela

Se a moça é gorda ele fala

Se é magra ele diz:

"Vai quebrar a canela"

Para agradar a PEDRO

Só se for a cinderela!

Conhece todas que passa

Conversa também com elas

A noite fica sozinho

Não tem com quem

Esquentar a costela!

Os cabelos todos brancoa

Pintar não lhe interessa

Usa óculos para melhor vê

Que bonitas são as netas!

Do café eu vou falar

Tenho que protestar!

Tome café toda hora,

No almoço

No jantar

Tem que ser café bem feito

Para PEDRO não reclamar!

PEDRO vive o presente

O passado não esqueceu

Criou toda a famélia

A maior riqueza nos deu!

Nos ensinou a amar JESUS CRISTO

Filho de JAVÈ nosso DEUS!

Nunca escrevi trovas

Versos também não

Se o que escrevi foi indevido

Eu peço o seu perdão

Apenas deixei falar

O que queria meu coração!

Agradeço muito

Pela sua atençaõ

E neste último estrofe

Expresso minha gratidão

Agora mim digam todos

Com bastante sinceridade

Quem de vocês não se sentiriam felizes

Por ter um pai de verdade

Ainda mais tão bonito

Completando hoje

Oitenta anos de idade!

Wall 02/06/2000.

Ps. Esse cordel eu fiz para meu paizinho no aniversário dos seus 80 anos... hoje ele já não se encontra entre nós... mas sua história de vida nunca será esquecida, ele permanece em mim... no meu coração e na minha alma.

Wall
Enviado por Wall em 30/08/2006
Código do texto: T228615