O suicídio do amor - fato inesperado

Venha correndo ouvir

O que fora anunciado

Por outro sentimento

Todo em si acabrunhado

Veio definhando e debulhou

O suicídio do sentimento amor

Fato este inesperado.

E agora, meu senhor

Que do outro lado escuta

Que será da humanidade

Depois desta loucura?

Que será da humanidade

Toda agora desprovida

Do pai dos sentimentos

Nesta vida descabida?

Disse ele que o amor morava

De aluguel no bicho homem

E Há tempo fora despejado

Mudando não se sabe pra onde

Ainda tentou se instalar

Dentro do coração de músculo

Sendo expulso mais uma vez

A gritos, pontas-pé e urros.

De nada adiantou a proeza

Deste animal sem compostura

Porque o amor logo tentou

No pensamento Se alojar

Todavia não sendo acolhido

Resolveu de uma vez partir

E residir nas mãos do tirano

Sem pestanejar nem desistir.

Para seu tão desespero

Era um lugar agressivo

Aquelas mãos, vezes frágeis

Eram instrumento opressivo

Fabricavam muitas armas

Para matar desprovidos

De lá partiu todo sem graça

Foi parar na genitália, digo...

Esse sentimento, coitado

No começo até que gostou

Pensava que ali brotava vida

Cada vez que era acionado

Logo tudo virou rotina

Percebeu que não era assim

Foi tratando de descobrir

Outro começo, meio ou fim...

Era tanto vem e vai

Tanto vai e tanto vem

Entrando buraco acima

Amando sem querer bem

Percebeu o desamor

Que nas pessoas causava

Resolveu então fugir

Encontrar nova morada

E foi alojar-se na visão

Pensando lá puder ficar

Oculto atrás da retina

Para melhor poder espiar

Tratando de ser arma

Arma para se enamorar

Resolveu em cada piscada

Um ser humano fisgar

Resolveu então arriscar

E construir uma profissão

Iria desde já ser cupido

Para abrandar o coração

Cada olhada de início

Era então um sucesso

E logo percebeu que o ofício

Logo, logo ia ter progresso

Conquistou um ser aqui

Mais adiante, um bocado

Mas como nada é para sempre

Começou a ser manipulado

O bicho homem desgovernado

Percebendo o seu valor

Tratou logo de transformar

O amor em desamor

Desarmou tantos corações

Empossando muitas mágoas

E a culpa logo ficou

Para o sentimento solitário

Culpado, sem ir a júri

O amor não aguentou

Transformou-se em bala de açúcar

Nas mãos do menino vendedor

Feita por uma mãe dócil

A invenção logo agradou

Mas o bicho homem descontente

Um outro plano tramou

Enleou a bala do menino

Com a bala do seu fuzil

Acusou aquela criança

De vendedor débil- imbecil

Mirou-lhe bem no coração

Que uma bala explodiu

Na direção da inocência

De criança doce pueril

O amor entrou no meio

Promovendo seu suicídio

Em lágrimas fora transformado

No rosto do inocente menino

Vendedor de balas de amor

Pra ganhar alguns trocados

Queria apenas fazer a diferença

Neste mundo tão ingrato

Seu corpo foi caindo aos poucos

E balas de amor para os lados

Que ninguém quis pegar

Para não ser contagiado

E agora, meu senhor

Que do outro lado escuta

Que será da humanidade

Depois desta loucura?

Que será da humanidade

Toda agora desprovida

Do pai dos sentimentos

Nesta vida descabida?