PAIXÃO ABSURDA

Não me chamo Zé Limeira
Mas cruzei o mar a nado
Fui à terra portuguesa
Buscar para ti um fado
O mais belo já ouvido
Que te foi oferecido
Por um ser apaixonado

Depois de andar um bocado
Na cratera dum vulcão
De lava peguei um tanto
E forrei o nosso chão
Transformei a lava em flores
Perfumadas, multicores
Pra fisgar teu coração

Medi forças com Sansão
Da luta fui vencedor
Quis mostrar virilidade
E meu grande destemor
Minha dama predileta
Com certeza minha meta
Foi ganhar o teu amor

Fui ao Cristo Redentor
Dando um pulo desde a ponte
Ao lado do monumento
Vi Saturno no horizonte
Fui pra lá dentro dum trem
Os anéis tirei também
São teus, não me desaponte

Enfrentei um mastodonte
Lá pras bandas do Alasca
Com golpes de capoeira
No meio duma nevasca
Com medo, um preá correu
Eu defendo o anjo meu
Ninguém pega, ninguém tasca

A urtiga não se masca
Mas usei de tira-gosto
Ao ficar embriagado
Fascinado por teu rosto
Tão macio, angelical
Eu pago pra ver igual
E recolho até imposto

Eu dormi no mês de agosto
Despertei só em dezembro
Uma bela me acordou
Isso é tudo que me lembro
Nessa cena de novela
Eu sou teu, falei pra ela
Da cabeça ao tronco e membro


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Nestes singelos e despretensiosos versos minha reverência ao espetacular Zé Limeira, gênio do cordel e do repente, o "Poeta do Absurdo".
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Grato pela interação, poeta Miguel Jacó.

Para te impressionar,
Eu montei numa tigresa,
E gostei das sutilezas,
Com que ela me acolheu,
Parece que me entendeu,
Neste gesto de gigante,
Fui herói por instante!



Minha estimada amiga potiguar Márcia Kaline deixa sua marca:

Como sou cá do Nordeste
eu montei foi numa jumenta
oh, meu Deus quanta tormenta
viajei por mais de um ano
pra Rondônia, eu não me engano
não é conversa de aluado
vi Jerson Brito bem do meu lado.