Tenho medo é de cair

Se o boi deu uma lambida,

No pau a pique que subo,

Escorregadio ao cubo,

Por cima deu uma cuspida,

Não desisto da subida,

O que quero ta em cima,

São os versos, são as rimas,

Métrica bem construída,

Que não sei nem discernir,

Dentro da literatura,

Eu não temo a altura

Tenho medo é de cair.

As águas da cachoeira,

Lá em baixo vão batendo,

Na pedra dura fazendo,

Uma grande ribanceira,

Seja no centro ou na beira,

É tudo que está querendo

E ela ficou sabendo.

Tentar voltar é besteira,

Pois não pode mais subir,

Só o vapor in’natura,

Eu não temo a altura

Tenho medo é de cair.

Se estar escorregadia

A pena que quero usar,

Com força tento segurar,

Usando a sabedoria

E espero saber mandar,

O prazer dessa mania

De querer ser um poeta.

Sem precisar ser profeta

E nem tão pouco insistir,

Em uma subida futura,

Eu não temo a altura

Tenho medo é de cair.

Olhando pra natureza

Os campos todos a florir,

Pro mangue corre o siri,

No casco a fortaleza

Do cágado e do jabuti,

O punho da minha rede

Pendurada na parede

Que um dia irar ruir,

Por isso não vou subir

Nesta fraca estrutura,

Eu não temo a altura

Tenho medo é de cair.

Lagartixa sobe em parede,

E eu mesmo não vou subir,

Nós chamamos maturi

Caju quando está verde,

Dar para matar a sede

De homem mulher e guri,

Se for trepar no cajueiro

Não subo nem por dinheiro

Nem se a vaca cuspir,

Não deixa de ser agrura,

Eu não temo a altura,

Tenho medo é de cair.

Do poeta Miguel Jacó

Se eu nasci não tem jeito,

Vou ter que me arriscar,

No mínimo vou trabalhar,

Para manter os meus viços,

E geralmente os serviços,

Botam mesmo pra lascar,

Nem gosto de imaginar,

Esta péssima estrutura,

Parecem caricaturas,

Talhadas em um pequi,

Eu não temo a altura,

Tenho medo é de cair.

Da poetisa Nuvem branca

Quando digo que quero, quero

Não adianta argumentar

Não desisto do que quero

Vou até aos céus buscar

Se for preciso eu subo os montes

Vou a lua escalar

Não desisto do que quero

sou tinhosa de amargar

Vem comigo e me segura

Nossas mãos vamos unir

Eu não temo a altura

Tenho medo é de cair

Do poeta Genofre

Entro nessa pra sair,

Com a cabeça erguida,

Não importa a subida,

Nem tanta caminhada.

Se chego lá em cima,

É porque eu tive valor,

Conquistado com ardor,

Pelo beijo da menina,

Que não precisei pedir,

Por esta grande ventura.

Eu não temo a altura,

Tenho medo é de cair

Do Poeta Isolino Coimbra

Além do medo em questão

Dos meus nobres companheiros

Ponho minha opinião

Sobre esse fato rasteiro

Digo com vera escrita

Que só faço meu caminho,

Por onde não há subida

E nem planta com espinho!

Em alto desconhecido

Caso tenha que subir

Saio fora do roteiro

Tenho medo é de cair!

Raeu

O problema da altura,

É coisa de cabra macho,

Pega Moça pela cintura,

Mais a fruta pelo cacho.

-Se ele está muito alto

Eu boto uma escada,

Só não boto no asfalto,

-Pois temo a escorregada

Nesse ou noutro outeiro

Se a escada se partir,

Eu saio fora do roteiro,

Tenho medo é de cair,