dos cordéis eu nada sei

dos cordéis eu pouco sei

tudo que sei muito admiro

são cantos – ternos-de-rei

são contos já de vampiro

versos da alma do povo

entre o antigo e o novo

que cantam a rosa e o tiro.

se houve um homem mau

muito mau por natureza

matou a mulher com um pau

cuspiu na Santa Tereza

no cordel tivesse eu crido

por ter sido desabrido

ia pagar por sua rudeza.

era maio, domingo bom

desses que passam e ficam

veio a mulher de batom

os olhos que vivificam

tanto em luz como em traço

nos beijos me deu um abraço

é setembro, ainda se esticam.

de tudo o cordel falou

com seu jeito tão simplório

poeta sábio rabiscou

coloriu o mundo inglório

do Lampião ao Padre Cícero

o que era rico era mísero

quem maltratou foi notório.

na crônica do Rubênio

conheci Manoel Monteiro

mais que poeta, poeta gênio

nos cordéis pro mundo inteiro

nas paredes de sua casa

tem poemas, ferro e brasa

na Paraíba, o tinteiro.

nas terras da Borborema

o luar é um suspiro

passa o vento na jurema

nos poemas me inspiro

são poemas?... voz de Rei?

dos cordéis eu pouco sei

tudo que sei muito admiro.