CORDEL – A derrocada do futebol do norte-nordeste
O maior absurdo que se pratica no esporte é deixar a metade do território nacional, em termos de extensão, e com um terço dos habitantes, com apenas dois clubes na série “A” do campeonato nacional. Isso é falta de vontade política e de lideranças fortes nas regiões norte e nordeste, que até tiveram grandes representantes na vida política e sócio-econômica brasileira.
De presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, Ministros a Vice e Presidentes da República a história está aí pra nos contar, mas o nosso esporte maior, sem qualquer ajuda, fica numa fase falimentar. É preciso que seu povo se manifeste contra esse absurdo.
A FIFA acaba de fazer uma Copa do Mundo com 32 países, em apenas trinta dias. Por que o campeonato brasileiro tem de ter 20 clubes e é disputado em cerca de oito meses?
A nossa crônica esportiva também não luta no particular. Em falindo os nossos clubes faltarão empregos para jornalistas de todos os setores da imprensa... Depois não digam que não foram alertados!
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Há uma coisa palpável
No Brasil, o futebol
Esse esporte adorável
Melhor do que beisebol
Porém os clubes pequenos
Estão mesmo na falência
Nenhum é mais ou menos
Por falta de coerência
Problema é que a CBF
Só quer saber de milhão
Do nacional se esquece
Metida na seleção
Dinheiro lá é fartura
É o dólar sim senhor
Mas a direção impura
Parece não tem pudor
Entregou de mão beijada
A primeira divisão
A esse clube dos treze
Que passou a ser mandão
Faz o que quer e deseja
Vende pra televisão
Recebe adiantado
E fica na contramão
O tutu desvaloriza
Os clubes endividados
Precisando de divisa
Salários atrasados
Pedem adiantamento
Ao clube famigerado
Inchando tal qual fermento
Seu nome fica abalado
Esquecidas regiões
Digo norte e nordeste
Estão sempre em privações
Sem liderança inconteste
Político só quer voto
Na hora da eleição
Aí se torna devoto
Por mera tapeação
Não há vontade política
Pois eles não têm prestígio
O que merecem é crítica
Vão embora sem vestígio
Deixando essa fraqueza
Apenas dois lá estão
E com muita sutileza
Na primeira divisão
Falo do clube Vitória
E do Ceará também
Catorze Estados de glória
Não me venham, mas, porém
Que sem qualquer liderança
Só sabem dizer o sim
Onde anda a pujança
Asnos só comem capim
Ao todo são dezesseis
Quarenta e oito senadores
Num total de oitenta e um
Têm poder até demais
Para virar essa mesa
Comandada pelo sul
Mudando com clareza
Tirem cartas do baul
Então com a maioria
Passem a usar os poderes
Que a nossa lei premia
São esses os afazeres
Exijam da minoria
Apelem pro razoável
De nós terão simpatia
Na solução aceitável
No Maranhão ninguém joga
Na primeira divisão
Isso pra mim não voga
No Piauí também não
No Rio Grande do Norte
A coisa não fica atrás
Precisa dum cara forte
Lá tem até Petrobrás
Na PB tudo é igual
Em Pernambuco também
Alagoas tem canavial
Sergipe não fica aquém
Produz hidrocarboneto
Na OPEPE devia entrar
Cana e frutas um dueto
Tem Arena pra jogar
Mas na região do Norte
São sete membros possantes
Tomou um tiro de morte
De pessoas arrogantes
Na série A nenhum
Amazonas e Pará
No Acre clube algum
Ninguém foi no patuá
Roraima e Rondônia
Amapá e Tocantins
Parece que são colônias
Porque estão nos confins
Por lá a riqueza abunda
Minérios pra valer
Região rica e profunda
Não se pode abater
Sabe quantos habitantes
Nessas duas regiões
De população gigante
Sessenta e quatro milhões
Do território ocupa
Cinquenta e quatro por cento
Mais da metade, sem lupa
Confesso já não aguento
Vejam bem quanta beleza
Acontece no Brasil
Marco Maciel, alteza
Deste país varonil
Como vice-presidente
Que foi com tanta justeza
Seu Santa Cruz não livrou
Isso foi uma surpresa
José Sarney, da República
Foi o nosso presidente
Não adianta nem súplica
Maranhão ficou ausente
Presidente do Senado
Onde anda seu poder
Amigo do Lulalá
Só lhe faz obedecer
Jáder Barbalho também
Presidiu nosso Senado
Chaleira como ninguém
Seu registro foi cassado
O Pará ficou de fora
Por falta de alguém capaz
Seus times pagam o pato
Não tem bula eficaz
O Piauí por seu lado
Tem governo do Pê Tê
Sujeito muito malvado
Não governa pra valer
Protegido do Planalto
Bastava Lula querer
Isso daqui eu ressalto
Seu futebol vai morrer
O Collor de Alagoas
Também nosso presidente
Brecou as poupanças boas
Levou dinheiro da gente
Na primeira divisão
Não tem um clube sequer
Um homem de decisão
Virou um cara qualquer
Sergipe do grupo Franco
Do Augusto e do Albano
Seu futebol está manco
Entraram foi pelo cano
Nenhum deles resolveu
Seus times estão de fora
O sergipano sofreu
Nada vislumbra agora
No Rio Grande do Norte
Quanta beleza encerra
Um Estado muito forte
Maior produtor em terra
De petróleo e sal
Seus clubes na segunda
Vivendo do lamaçal
Uma tristeza profunda
A PB que ninguém negue
Também teve presidente
Não há quem aqui sossegue
Não merece sua gente
Suas agremiações
Até mesmo o Treze, galo
Passam suas privações
Perderam todo o embalo
Tem o grande Amazonas
Do tamanho dum país
Lembra-me nossos mamonas
Um conjunto mui feliz
Pois também estão de fora
Clubes de muito valor
Vamos lutar pela flora
Pra corrigir tal horror
Para não me alongar
Veja bem a minha gente
Quem não sabe governar
Pra falar é veemente
Pernambuco é a terra
Desse nosso presidente
Ninguém na série “A”
Merecemos um presente
O Santa no grupo “D”
Sua torcida mui pobre
Pôde de novo encher
Seu campo de gente nobre
Mais de cinquenta mil
Alguns sem o que comer
Maior público do Brasil
Agora o que fazer!
Tem time no grupo “A”
Que não coloca nem mil
Mas ficam a esnobar
Porque isso é Brasil
Ajudando só o rico
Somente nos dando esmola
Vivem do paparico
Não me entra na cachola
Vou aqui logo parando
Nesta terra de fuxico
Tem muita gente mandando
Principalmente o rico
Mas quem quiser reclamar
Que o faça sem atrito
Querendo pode gritar
Que nesta porra não fico
Em revisão.