FIM DO MUNDO NUM TROVÃO

Eu quero qu’esse mundo se acabe

Pra ver como seria a vida noutro

Se lá um ser pisaria no outro

Ou se seria só o que lhe cabe

Eu quero que o céu hoje desabe

E que nosso planeta se consuma

Eu quero que a riqueza vire bruma

E que na nossa vida noutro mundo

Não exista primeiro nem segundo

E assim qualquer desigualdade suma!

Eu quero todo mundo nivelado

Sujando os pés por sobre o mesmo chão

Num mundo onde alguém estenda à mão

Sem ter um interesse mascarado

Eu quero um mundo zerinho, zerado,

Sem cerca delimitando fronteira

Eu quero que a divina empreiteira

Derrube esse modelo infecundo

E que levante, então, um novo mundo

Que ostente a igualdade por bandeira!

Cansei de ser tal qual um caranguejo

Com outros caranguejos numa lata

Que quando está saindo tem a pata

Puxada pra o fundo do cortejo,

Cansei da predação que hoje vejo

Tomar a humanidade mundo a fora

Cansei do mundo que não quer melhora

E que caminha pra destruição

Por isso peço a Deus que um trovão

Pra um mundo melhor nos leve embora!

João Pessoa, 12/10/2010.