O OASIS DO RENATO - SUPORTE DAS CARAVANAS – 17 versos
Renato, um aventureiro, Pretendeu atravessar
O deserto do Saara, Até um certo lugar
Onde certamente iria, Seu sonho realizar!
Para tanto se engajou, Numa grande caravana
Eram todos beduínos, Tinham tenda por cabana
Mas Renato só portava, Dois embornais de campana!
Levava apenas pão, Pois não era caravaneiro
Só tinha duas moedas, Dois reais era o dinheiro
Mas contava com a esperança, De completar roteiro!
Entre os beduínos ia, Um ricaço usineiro
Também ia um juiz, Homem sábio e justiceiro
Entraram pelo deserto, Caminhando o dia inteiro!
A noite todos pararam, Para um descanso entrever
Na parada cada um, Procuraram o que comer
Renato pegou o pão, Porém algo pode ver
Uma fumaça de assado, Irradiava no ar
Renato procurou saber, Onde estava a gerar
Quem sabe aquela fumaça, Poderia aproveitar!
Viu na hora ali perto, O usineiro assando
Um quarto inteiro de porco, O acampamento enguiçando
Pois quem sentisse o cheiro, Ficava ali desejando!
Renato teve a idéia, De empregnar o pão
Com a fumaça que saía, Do gostoso assadão
Mas o dono quando viu, Com ele teve questão:
-Você precisa pagar, A fumaça que pegou
O assado, e também é minha, A fumaça que soltou
Ou me paga, ou meus homens, Vai te transformar num shou!
Renato se viu em aperto, Pois só tinha dois reais
E não podia ficar, Sem eles nos embornais
Já que pela frente havia , Uma distância a mais!
Mas a coisa se enrolou, Até chegar na raiz,
Foi preciso a interferência, Do beduíno juiz
Senão Renato apanhava, Como apanha um infeliz!
O juiz ali chegando, Ao se inteirar da questão
Pegou as duas moedas, Que Renato tinha à mão
Entregou-as ao usineiro, E falou com mansidão:
-Chacoalhe esse embornal, - Foi o que disse ao ricaço,
-Ouça aí se tem moedas, E repita mais um passo
Assim o usineiro fez, Contente com tal despacho!
Depois daquilo o juiz, Pegou então o embornal
Entregou para o Renato, E disse a sentencial:
Todo valor de fumaça, paga com som do real!
Todos ali aceitaram, Da peia a solução
O juiz foi muito justo, Na sua resolução
O usineiro ficou bobo, sem fazer qualquer ação!
Terminando, digo aqui, que o Renato foi além
Atravessou o deserto, Até um Oasis, porém,
Lá conheceu uma moça, Que passou a ser seu bem!
Pois a moça era bonita, *freira de lindo porte
Além de tudo ela era, Dona de um grande importe,
Um Oasis no deserto, Das caravanas o suporte!
~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Obs. Me inspirei sobre a “fumaça e a moeda” num conto em prosa, de Melo e Souza, inspirado de uma lenda árabe, que diz
“Quem cobra pela fumaça, recebe com som de moedas”
Dedicado ao cordelista Renato Lima.