No país da nostalgia

Eu recordo comovido

do meu tempo de criança

Tenho tão boa lembrança

de tudo por mim vivido

É um trecho divertido

na minha biografia

Um tempo de alegria

para ser rememorado

Eu me sinto um exilado

no país da nostalgia

Eram tantas brincadeiras

que hoje não existem mais

Imitação de animais

e a dança das cadeiras

Descer correndo ladeiras

a gente sempre descia

Vídeo-game que vicia

não tinha sido inventado

Eu me sinto um exilado

no país da nostalgia

O futebol de botão

Minha irmã com a boneca

Cata-vento e peteca

Dama e bolha de sabão

Bola de gude e pião

Pandorgas na ventania

Não se vê mais hoje em dia

os brinquedos do passado

Eu me sinto um exilado

no país da nostalgia

Brincar de amarelinha

Fazer castelos de areia

Chutar a bola de meia

no quintal de uma vizinha

O caminhão de latinha

que puxando eu dirigia

não passava em rodovia

mas eu nunca fui multado

Eu me sinto um exilado

no país da nostalgia

O triciclo da irmã

Dominó e bilboquê

O io-iô o bambolê

Carrinho de rolimã

e acordar de manhã

sem fazer estripulia

pois quem desobedecia

logo era castigado

Eu me sinto um exilado

no país da nostalgia

Quanto mais o tempo passa

diminui a segurança

Não se vê mais a criança

brincando feliz na praça

A rua é uma ameaça

que a inocência abrevia

Quem pode se refugia

no condomínio fechado

Eu me sinto um exilado

no país da nostalgia

Não sei se pode existir

com a alma tão afim

um sentimento assim

que entristeça e faça rir

E quando se faz sentir

a memória propicia

descrever em poesia

para ser compartilhado

Eu me sinto um exilado

no país da nostalgia

Carlos Alê
Enviado por Carlos Alê em 20/10/2010
Reeditado em 03/03/2011
Código do texto: T2567563
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