A SOMBRA E A CISMA DO VENTO - 18 versos

Minha vida sobre a terra, é como roda gigante
Uma hora estou em baixo, outras no alto de um monte
Mas não posso reclamar, pois isso é uma constante!

As vezes com minha sombra, sonho e passo a discutir
Reclamo do meu viver, pra que ela possa sentir
Pois sem isso  me entristeço, sem ter com quem repartir

Mas de tanto reclamar, um fato um dia se deu
Quando as cinco da tarde, minha sombra se escondeu
Foi um sonho apertado, em que ela desapareceu!

Olhei para meus pés, é vi dela um comecinho
Fiquei parado algum tempo, ela saiu de mansinho
Foi crescendo ao meu lado, saindo do meu caminho!

Eu muito me admirei, com a ocorrência dada
A sombra foi se afastando, e logo pegou a estrada
Corri atrás pra alcançá-la, mas levei uma laçada!

Outras sombras como a minha, ao meu redor se ajuntaram
Num toco de aroeira, com teias  me amarraram,
Pra brigar com minha sombra, ouvi quando elas trataram!

De longe eu assisti, uma briga inusitada
Minha sombra se mostrou, que pra luta era treinada
Penas escuras voaram, nas nuvens foram jogadas!

Minha sombra quando viu, que eu estava amarrado
Subiu na estratosfera, e fez lá um convocado
Descendo uma ventania, com coriscos incendiados!

Um alto rodamoinho,  da nuvem à terra formou
E com muita violência, o toco o vento arrancou
E  amarrado a ele, para cima me levou!

O tornado era composto, de intenso vendaval
Que proveio do exercício, de algo não  natural
E fez muita destruição, em meio ao matagal!

O sol havia sumido, pelas nuvens e escuridão
Minha sombra com aquilo, passara a ter um clarão
Era a forma de aparecer, numa contraposição!

Eu lá no alto das nuvens, ainda ao toco amarrado
Não estava entendendo, aquele amaranhado
Onde ventos, o coriscos, faziam feios riscados!

Muito pavor me tomou, vendo uma sombra gigante
Açambarcando as demais, formando feia constante
E eu amarrado ao toco, num aperto horripilante!

No meio do torvelinho, eu me vi atrapalhado
Percebi que minha sombra, tinha se agigantado
Com milhões de grãos de gelo, deixando tudo gelado!

Eu lutei pra conseguir, livrar-me daquela peia
Mas a coisa se encrespou, e ficou ainda mais feia
Quando as nuvens começaram, derramar água na areia!

Só depois de algum tempo, foi que houve calmaria
As nuvens se dissiparam, surgindo o clarão do dia
Eu me encontrava deitado, sobre uma moita que havia!

Olhando ali por perto, logo tive muito assombro
Tudo havia se transformado, e havia muito escombro
Pois o tornado foi forte, fez em tudo um arrombo!

De tudo eu concluí, que os tais rodamoinhos
São seres heterogêneos, que formam seus torvelinhos
Sendo milhares de espíritos, que nas sombras tem seus ninhos!

E quando a sombra de alguém, se aparta sem razão
Se o ventos se cismarem, no ar vai ter confusão
Um violento tornado, toma conta da gestão!
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Sonhei isso daí na noite do dia 8 de março de 2006 e no dia  9, por volta das 17 horas, ao norte de Ribeirão Preto formou-se uma nuvem gigante da qual desceu uma tromba, com se fosse de elefante; (ver foto acima) entretanto não chegou a terra, senão teria ocorrido um catastrófico tornado nas imediações, ou talvez até entrando na cidade. Pude observar o funil do vento descendo da nuvem, pois me encontrava próximo. Na hora lembrei-me do sonho com minha sombra!