JUVENIL E A MUDANÇA DE UM DESTINO – 28 tercetos

Eu seguia por uma estrada, quando uma ponte avistei

Em meu pensar de andarilho, logo num rio imaginei

Apertei mais os meus passos, até que nele cheguei!

Percebi que o tal rio, que sob a ponte passava

Tinha largura imensa, muita água ali rodava

A ponte era comprida: um quilômetro marcava.

Quando adentrei por ela, eu fiquei admirado

Olhando para a direita, vi um barco ancorado

Às margens do grande rio, ele estava estacionado.

Pude perceber que nele, só havia uma pessoa

Era o dono do barco, cuidando de sua proa

Com certeza um pescador, que usava a canoa.

Como eu havia parado, sobre a ponte pra olhar

O rapaz fazendo gestos, começou a me chamar

Para ir até o barco, pois queria conversar!

Eu me encontrava sujo, com a barba por fazer

Fazia quase seis anos, que eu tinha meu viver

Andando pelas estradas, sem algum destino ter.

Eu levava em minhas costas, uma trela bem pesada

Nela eu levava panos e vasilhas enferrujadas

Minha vida de andarilho, era coisa complicada!

Mas não quero me aprofundar, por que eu tinha tal viver

Desci as margens do rio, e fui ao barco atender

Para conversar com o rapaz, que queria me conhecer

Ao me aproximar do homem, ele foi logo falando

-Pelo que vejo, tu és, um andarilho mundano

Mas se fores inteligente, vou agora te empregando

Estou precisando de alguém, que me ajude a pescar

Veja o tamanho do barco, que estou a comandar

E não consegui um ajudante, para poder me ajudar

Tentei explicar a ele, que eu vivia perdido

Que tinha a mente fraca, era pobre e desvalido

E como ele podia ver, não lhe seria servido

-Ora, tome um banho no rio, e vista uma roupa minha

Também vai fazer a barba, pra poder ficar na linha

E já que andas sem rumo, esquecerás o que tinha

Foi assim que roupa limpa, eu pus após me banhar

Minha aparência mudou, e fiquei com belo ar

Até o meu pensamento, começou ali a mudar!

Por dez anos trabalhei, ajudando Juvenil

Esse era o nome do moço, que encontrei no mês de abril

Minha vida de andarilho, até do mapa sumiu

Muita aventura tivemos, fazendo as pescarias

Conheci o grande rio, de Pirapora a Três Marias

Num trecho de quinze léguas, onde o rio faz sua via!

Muito peixe nós pegávamos, e vendia ao povão

Com o dinheiro ganhado, Juvenil enchia a mão

E repartia comigo, como sendo meu irmão

Com o passar tempo ele , arranjou uma namorada

Eu também arranjei uma, pra mudarmos nossa estrada

Casamo-nos e em Três Marias, fizemos nossas moradas

Hoje somos aposentados, temos família e lar

Compramos um belo rancho, e moramos em dois lugar

Na cidade de Três Marias, e no rio a descambar!

Ao me lembrar dos tempos, em que pelas estradas eu ia

Me recordo do momento, na ponte a travessia

Meu encontro com Juvenil, foi o mistério do dia!

Mas se eu fosse narrar, minha vida anteriormente

Dava um grande romance, no qual fui sobrevivente

Da dura luta da vida, de triste remanescente!

Mas o que foi importante, é que Deus me ajudou

Encontrando Juvenil, o meu destino mudou

Pois pude me equilibrar, e tudo se ajeitou

Foi-se o jovem andarilho, que por seis anos vagou

A lembrança ficou apenas, numa página que apagou

E pela rota da vida, noutra estrada se aprumou!

Quem quiser saber os fatos, do passado e do presente

Vai encontrar no Recanto, os assuntos referentes

Aventuras de dois pescadores, que foram eficientes!

Assim num próximo cordel, que aqui vou assentar

Vou relatar vários fatos, que tivemos ao pescar

Como a história do sucuri, que quase foi me papar!

Vou parando por aqui, o início dessa história

Mas quem for ao nosso rancho, tem um livro de memória

Quem ler vai ficar sabendo, do sofrimento e da glória!

ACRÓSTICO: Luzirmil

Leia, ó caro leitor

Um a um esse versado

Zunzum você vai achar

Incluso nos predicados

Rirá de algum fator

Mas não fique arrepiado

Igual a vida de muitos

Levo a minha do outro lado!