A peleja do filósofo com o economista
A peleja do filósofo com o economista
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Érum dois us valentão:
Um u maió na filosofia
U outro rei da economia
Num ficava pra trás não!
Um lia livros noite e dia
Outro só de calculadora na mão
Quis o destino de repente
Por à prova us sabichão
Pondo us dois frente a frente
Pra escolher o mais bão.
Nhô Olavo picava fumo
E aristotelicamente
Filosofava sem rumo
Dibaixo du sol tão quente
Pra cabá cum a gastura
De uma garrafa ele sacou
Tomou um gole de pinga
E descobriu que a quentura
Que reinava na caatinga
Era culpa de Moscou!
Nhô Emir vinha contente
Montado num jegue roxo
Apesar do clima quente
Ele não se fez de frôxo
Mastigava sua farinha
Misturada à rapadura
Cantando a "Internacional"
Com a voz afinadinha
E pelo calor infernal
Acusava a ditadura!
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Quando se encontraram ambos
Todo o povo quis vir ver
E ouvir os ditirambos
Que cada um ia tecer
De um lado o economista
Caudatário de Karl Marx
Do outro, le penseur
De viés neo-platonista
Um amigo do MST
E um inimigo das FARCs!
Nhô Olavo deu início
Já olhando meio torto:
"-O problema, ó estrupício,
É que o marxismo é morto
Tu cultiva essas doenças:
Fidel, Chávez e Kim.
Pois de me ouvir não te furte:
Já tombaram tuas crenças
A Escola de Frankfurt
E o Muro de Berlim!"
Nhô Emir, pois, replicô
Não deixou cair a bola:
"-Pois saiba, quem se finô
Foi esse teu deus carola.
Tu promove uma mistura
De Platão e astrologia
Dizendo que é ultramontano
Papa-hóstia de alma pura
Tu não passa é de um insano
Cagano verborragia!"
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Nhô Olavo do fundo do baú
Tirou muita escolástica:
“-Cê é um cabra gabiru
Vumitanu matemática.
Não conhece Maquiavel
Nem ao meno Shopenhau.
Fica falano ao léu
Só bestera e o escambau!
Vai istudá o Zé Manéu
Qui não lhe fará mal!
Num ti queru mal não
Esse teu QI cultural
É do tamanho dum anão!
Nhô Emir que se ria
Cumeçô deitá falança:
“-Ocê tem verborragia
Mas ti falta sustança.
Sartre e Adão Smith
São meus amigo de criança
Inda tinha o Níthi
Meu colega de infança.
Dá pena de te ver
fazer essa lambança
óia os livro na estante
se acha um gigante
mas num sabe o que lê!
Nisso o cego Aderaldo
apareceu de surpresa
Disse: "-De rir me esbaldo
Com essa tamanha torpeza
Ambos enganam o ouvinte
Com esse discurso pentelho
Pois sou trovador a sério
E desfaço esse acinte
Mato dos dois o mistério:
Um do outro é o espelho!"
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Nhô Olavo e Nhô Emir
Se escafederam depressa
Olha lá os dois a fugir
Em ninguém mais pregam peça.
Olavo disse: "Cumpadi,
Já sabem que somos só um
mas com o sinal trocado!"
E Emir: "Pois é verdade
a gente tá mais queimadi
que a pele do Mussum!"
E agora, o que fazer?
Nunca mais vai ter debate
Quem é que agora vai crer
Nesse imenso disparate?
Mas Emir teve um plano
E Olavo já apoiou
E aplaudiu diversas vezes
Vão armar outro engano:
Fingir que são siameses
E arrasar num freak show!!
E rapidinho a Tv Grobo
Por eles se assanhô
chamou os 2 probo
pra ir no programa do Jô.
É certa a audiência.
De certo é que não vão
no domingo dar as cara
fala muito o Faustão
e os 2, coisa rara,
não terão paciência!
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Tava quase tudo acertado
Aí veio o bispo universal
Falou: -qual o babado?
Eu pago mais, ponto final!
Cês vão ter um programão
E ele será só seus
Só tem uma condição
Num pode falar mal de Deus!
Nada de Marx nem Lênin
Dos Beatles só o Maccartney.
Se quiserem bem assim
Essa é a minha lei.
O filósofo e o economista
Refizero suas contas
E como tavam pelas pontas
Fizeram grossa vista
A tudo que é ideologia
Que um dia defendero
E caíro na orgia.
Agora são 2 capitalista
Nadano no dinheiro!
Hoje em suas disputa
Nhô Emir só escuta
Nhô Olavo teorizar:
O Edir é nosso pastor
Nada nos faltará!
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O homi é mesmo forte
Tem tira-gosto de caviar
Regado a uísque passaporte.
Que é pra começar.
Nhô Olavo filosofô:
Nhô Emir economista
Hoje é dizimista
Em nome do Senhô!
E assim eu acabo
Di contá dessa peleja
Dondi us dois que seja
Vendero a alma pro diabo!
Fim