O CONTO DO BILHETE...QUE FALHOU

Após passar alguns dias, sem escrever um cordel

Venho outra vez compor, e assentar no papel

Uma história que ouvi, onde houve um escarcel!

Me encontrava a passeio, num arraial no sertão

Quando eu fiz amizade, com um idoso ancião

Contou-me ele uma história, de muita admiração!

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“Disse que dias atrás, quando na praça estava

Ele avistou um rapaz, que com outro conversava

E para o lado dele, sempre um deles olhava

Não houve muita demora, quando um se aproximou

O outro ele não viu, que rumo foi que tomou

Mas o que foi ter com ele, chegando, assim lhe falou:

-Bom dia, caro senhor, posso falar-lhe um momento?

Eu estou meio confuso, por um acontecimento

Procuro a caixa econômica, pra saber de um movimento!

Dez dias já são passados, em que vim a adquirir

Um bilhete de loteria, que ontem fui conferir

Por sorte fui premiado, e lá eu preciso ir!

Mas não conheço a cidade, e nem o banco em questão

Se o senhor sabe aonde, poderá dar-me uma mão

Me indicando a rua, e a sua direção.

Indiquei-lhe prontamente, a rua de um arrimo

Mas no momento chegou, perto de nós um menino

Propondo a acompanhá-lo, levando-o ao seu destino

Eu fiquei ali na praça, sem naquilo mais pensar

Porém depois de um tempo, o menino foi me procurar

E aos meus ouvidos ele, começou a me falar:

Aquele cara é turrão, e está atrapalhado

Fui lá na caixa com ele, e assisti o tratado

Ele vai sacar o dinheiro, do bilhete premiado!

Ele me disse pra estar, aqui na praça contigo

Vai nos dar uma gorjeta, já que somos dele amigos.

E pelo que pude perceber, é dinheiro sem perigo.

Assim foi acontecer, porém veio a demorar

O menino foi embora, pois cansou de o esperar

Mas eu tinha todo o tempo, para na praça ficar.

Quando o rapaz chegou, me falou com educação

Que pra sacar o premio, não teve autorização

Só quem tinha conta no banco, poderia por a mão!

Devido o valor ser alto: na casa dos dois milhões

Tinha que abrir uma conta, e não tinha condições

Pois não tinha documento, pra fazer as transações!

Na conversa ele disse, que se eu tivesse conta

O gerente lá do banco, nela faria uma banca

E o grande valor ganhado, da riqueza era a destranca!

Eu para ele daria, o que ele tinha em mente

Mas se eu quisesse tudo, faria um negócio urgente

Me venderia o bilhete, por uns cobrinhos somente!

Na hora eu desconfiei, que iria ser tapeado

Mas tratei de ir com ele, num outro caixa agregado

Sacaria lá uns cobres, pra trocar no premiado!

Só que iríamos ao banco, mais ao final do dia

Pra pagar o seu bilhete, com minha aposentadoria

Pois em tal hora o caixa, mais vazio estaria!

Quando nos despedimos, veio ali seu companheiro

Era o mesmo que no início, eu avistei no roteiro

Conversando lá na praça, pelo que fiquei cabreiro!

Pela sua opinião, deveríamos logo ir

Falando com voz macia, tentava me persuadir

Mas eu precisava de um tempo, para um trabalho cumprir!

Depois de haver acordo, do horário em questão

Deixei os dois lá na praça, e fui noutra direção

Direto pra delegacia, levar minha informação.

Depois voltei para a praça, para os caras encontrar

Dali fomos para o banco, conforme fomos tratar

Lá saquei o meu salário, para o bilhete comprar

Mas quando eu passava a grana, para o sujeito golpista

Chegaram os policiais, que já fizeram a revista

Prenderam os dois sujeitos, malandros de velha lista!

Eles nem desconfiaram, que fora eu o mentor

De avisar a polícia, que estava a meu favor

Mas se aquilo descobrissem, eu seria um traidor!

E traidor de bandidos, logo ele é liquidado!

Mesmo presos eles comandam, alguém lá do outro lado

E matam sem piedade, quem traiu o condenado!

O golpe da loteria, não conseguiu me pegar

A história é antiga, eu já vi isso se dar

Mas comigo os malandros, na rede foi se enlaçar!

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Encerro mais uma história, do bilhete premiado

Nessa o velho não caiu, pois conhecia o ditado

“Dinheiro não cai do céu, pois Deus não compra fiado”

Para encerrar a história, que foi fato verdadeiro

Eu deixo aqui um ditado, pra ficar nesse roteiro:

“Malandro que tenta tapear velho, vira freguês de chiqueiro”