O CONTO DO BILHETE...QUE FALHOU
Após passar alguns dias, sem escrever um cordel
Venho outra vez compor, e assentar no papel
Uma história que ouvi, onde houve um escarcel!
Me encontrava a passeio, num arraial no sertão
Quando eu fiz amizade, com um idoso ancião
Contou-me ele uma história, de muita admiração!
~~~~~~~~~~
“Disse que dias atrás, quando na praça estava
Ele avistou um rapaz, que com outro conversava
E para o lado dele, sempre um deles olhava
Não houve muita demora, quando um se aproximou
O outro ele não viu, que rumo foi que tomou
Mas o que foi ter com ele, chegando, assim lhe falou:
-Bom dia, caro senhor, posso falar-lhe um momento?
Eu estou meio confuso, por um acontecimento
Procuro a caixa econômica, pra saber de um movimento!
Dez dias já são passados, em que vim a adquirir
Um bilhete de loteria, que ontem fui conferir
Por sorte fui premiado, e lá eu preciso ir!
Mas não conheço a cidade, e nem o banco em questão
Se o senhor sabe aonde, poderá dar-me uma mão
Me indicando a rua, e a sua direção.
Indiquei-lhe prontamente, a rua de um arrimo
Mas no momento chegou, perto de nós um menino
Propondo a acompanhá-lo, levando-o ao seu destino
Eu fiquei ali na praça, sem naquilo mais pensar
Porém depois de um tempo, o menino foi me procurar
E aos meus ouvidos ele, começou a me falar:
Aquele cara é turrão, e está atrapalhado
Fui lá na caixa com ele, e assisti o tratado
Ele vai sacar o dinheiro, do bilhete premiado!
Ele me disse pra estar, aqui na praça contigo
Vai nos dar uma gorjeta, já que somos dele amigos.
E pelo que pude perceber, é dinheiro sem perigo.
Assim foi acontecer, porém veio a demorar
O menino foi embora, pois cansou de o esperar
Mas eu tinha todo o tempo, para na praça ficar.
Quando o rapaz chegou, me falou com educação
Que pra sacar o premio, não teve autorização
Só quem tinha conta no banco, poderia por a mão!
Devido o valor ser alto: na casa dos dois milhões
Tinha que abrir uma conta, e não tinha condições
Pois não tinha documento, pra fazer as transações!
Na conversa ele disse, que se eu tivesse conta
O gerente lá do banco, nela faria uma banca
E o grande valor ganhado, da riqueza era a destranca!
Eu para ele daria, o que ele tinha em mente
Mas se eu quisesse tudo, faria um negócio urgente
Me venderia o bilhete, por uns cobrinhos somente!
Na hora eu desconfiei, que iria ser tapeado
Mas tratei de ir com ele, num outro caixa agregado
Sacaria lá uns cobres, pra trocar no premiado!
Só que iríamos ao banco, mais ao final do dia
Pra pagar o seu bilhete, com minha aposentadoria
Pois em tal hora o caixa, mais vazio estaria!
Quando nos despedimos, veio ali seu companheiro
Era o mesmo que no início, eu avistei no roteiro
Conversando lá na praça, pelo que fiquei cabreiro!
Pela sua opinião, deveríamos logo ir
Falando com voz macia, tentava me persuadir
Mas eu precisava de um tempo, para um trabalho cumprir!
Depois de haver acordo, do horário em questão
Deixei os dois lá na praça, e fui noutra direção
Direto pra delegacia, levar minha informação.
Depois voltei para a praça, para os caras encontrar
Dali fomos para o banco, conforme fomos tratar
Lá saquei o meu salário, para o bilhete comprar
Mas quando eu passava a grana, para o sujeito golpista
Chegaram os policiais, que já fizeram a revista
Prenderam os dois sujeitos, malandros de velha lista!
Eles nem desconfiaram, que fora eu o mentor
De avisar a polícia, que estava a meu favor
Mas se aquilo descobrissem, eu seria um traidor!
E traidor de bandidos, logo ele é liquidado!
Mesmo presos eles comandam, alguém lá do outro lado
E matam sem piedade, quem traiu o condenado!
O golpe da loteria, não conseguiu me pegar
A história é antiga, eu já vi isso se dar
Mas comigo os malandros, na rede foi se enlaçar!
~~~~~~~~~~
Encerro mais uma história, do bilhete premiado
Nessa o velho não caiu, pois conhecia o ditado
“Dinheiro não cai do céu, pois Deus não compra fiado”
Para encerrar a história, que foi fato verdadeiro
Eu deixo aqui um ditado, pra ficar nesse roteiro:
“Malandro que tenta tapear velho, vira freguês de chiqueiro”