DON JUAN DE AMARGOSA

Volto ao tempo, na Praça Matriz de Amargosa,

Numa tarde quente e dilmatosa,

Colho de pronto um dedinho de prosa,

Proveniente de uma boca amorosa.

Corrente de todo tipo deparei,

Num bar todo espelhado avistei,

Quando de relance sem querer, corei.

Era Saracura nos braços de jucilei.

Morena faceira amiga de Jureminha,

Tinha apelido de monga e de galinha,

Mas era de uma formosura entre linha,

Com corpo e rosto lindo de raínha.

Saracura, relojoeiro velho arretado,

Vivia partindo corações, sempre mamado.

Pois é bom de beijo e de transado,

Não é atoa que falam que ele é milagrado,

Namora Jureminha mas ama Rosalina,

Essa não lhe dá bola, é uma vasilina,

Escorrega de lado e o coitado não atina,

Assim ele toma todas e desaba na esquina.

Porem tem seus lances de Sobriedade,

Cativa o povo de toda cidade,

Com o coração desprovido de maldade,

Pois amar não é defeito e nem castidade.

E sim uma torrente amorosa,

A procura de um mar de rosa,

Pra colocar sua amada saborosa,

E ser chamado de "Don Juan de Amargosa".

Nino Campos