Nomes e Sobrenomes

Minha dor tem pseudônimos,

Dissimula muito bem

no sorriso que te alegra

e no seu canto também,

É dramática demais,

Mas me diga quem não tem.

Minha dor tem nome forte

E o seu nome é Solidão

De quem foi tão desdenhado

E perdeu sua paixão,

De quem tem dor lancinante

Dentro do seu coração;

De quem foi jogado ao léu

Por capricho ou por castigo,

Talvez foi a falha humana,

Pois não tenho aqui comigo

Alguém incondicional

Como o amor de um grande amigo.

Ela tem o sobrenome

De Rancor Mágoa Silente,

Pois corroi a minha alma

Me deixando simplesmente

Sem a luz que aviva os olhos

De quem vive tão contente.

O outro nome é indizível,

Tenho medo de falar!...

Vai que lá no meu futuro

Eu receba só o azar

De quem tanto desejou,

Mas não pôde conquistar

O seu sonho mais bonito...

E escalar qualquer montanha

Não é fácil – isso eu bem sei!

Tem que ter muita artimanha,

Mas a dor consome o peito,

Co’ ela não se faz barganha.

Há momentos que o Rancor

É fiel ’migo do peito,

Toma conta do pensar

E não fica satisfeito

Té que caia alguma lágrima

Para se sentir perfeito.

E ao chegar à perfeição,

Ganha como governanta

A cruel Mágoa Silente

Que se diz tão pura e santa,

Enrijece o coração,

Nunca mais que se quebranta.

O Desdém é uma figura

Que dá nomes pra esta dor,

O Perdão passou lá longe

E não trouxe o bom fautor

Para que haja só um milagre

Vindo de nosso Senhor.

Como o Amor está distante,

Crucial para o perdão,

Fez questão de levar junto

Os amigos e a Paixão...

Volto ao ponto inicial:

O seu nome é Solidão.

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 17/12/2010
Código do texto: T2677236
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