ESCRITOR E ÁGUA POTÁVEL SEMPRE ENTRAM PELO CANO

Seja em verso ou prosa,

Ao exercitar a arte,

Todo poeta faz parte

De um mundo cor de rosa,

Onde vigora a famosa

Máxima, de cujo plano,

Entra ano e sai ano,

Escapar não é provável:

Escritor e água potável

Sempre entram pelo cano.

É verdade que o artista,

Em qualquer modalidade,

Passa por dificuldade,

Para agradar a vista

Do cidadão ao turista,

Ante o ato soberano

De quem julga, leviano,

O que não é agradável.

Escritor e água potável

Sempre entram pelo cano.

Se publica sua obra,

Ganha editor e livreiro,

Mas ao autor, altaneiro,

De fato, pouco lhe sobra,

Já que tudo se lhe cobra,

A título de perda ou dano,

Num esgar quase profano,

D’alguém pouco confiável.

Escritor e água potável

Sempre entram pelo cano.

Assim, resta, simplesmente,

Esperar que algum dia

Haja uma melhoria

Na situação vigente,

Que se plante a semente

De sistema mais humano.

Do contrário, ledo engano,

Pensar tornar-se notável.

Escritor e água potável

Sempre entram pelo cano.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 25/10/2006
Reeditado em 26/06/2009
Código do texto: T273028
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