SANSÃO PÕE FOGO NA SEARA DOS FILISTEUS E MATA MIL HOMENS COM A QUEIJADA DE UM JUMENTO.
No capitulo que passou
Nós vimos Sansão pegar
Trinta homens da cidade
E depois de os matar
Tirou as túnicas e trouxe
Para a aposta pagar.
Depois passou alguns dias
Na casa de um parente
Porém pra ver a esposa
Ele voltou novamente
Encontrou ela com outro
Ele achou indecente.
Ele trazia um cabrito
Na porta Sansão chegou
Bateu palma, o pai saiu
Sansão pra ele falou:
Eu vir ver a minha esposa
Então o velho explicou.
_Você partiu sem dizer
E demorou a voltar
Eu pensei com meus botões
Sansão nunca mais vem cá
Eu a dei pra outro homem
É costume do lugar.
_ porém eu tenho outra filha
Tão bonita como aquela
Se você quiser eu vou
E chamo minha donzela
E pra não ficar sozinho
Eu caso você com ela.
Nesse momento Sansão
Baixou a vista calado
Perdeu a terra dos pés
Teve o semblante mudado
A ira tomou lugar
Do coração magoado.
Depois falou para o velho
Eu sou inocente agora
Pra lutar com os filisteus
E irei sem ter demora
Não temo a quem me procura
Adeus que já vou embora.
Sansão disse: Não homem
Pra viver de cara feia,
Mas cabra ruim comigo
Só come do que semeia
Se correr eu vou atrás
Se ficar morrer na peia.
Nesse momento Sansão
Depressa no mato entrou
Pegou trezentas raposas
Tição no rabo amarrou
Botou fogo e no roçado
Dos Filisteus as soltou.
E as raposas sentindo
A quentura no traseiro
Saíram descabeladas
Como quem perde o roteiro
Se espalharam no roçado
Foi o maior desespero.
Pois o estrago foi grande
No roçado nesse dia
Queimou todos os olivais
E os molhos que ali havia
Pronto pra serem sevados
Coisa de muita valia.
Quando os Filisteus souberam
De tudo que se passou
Perguntaram: Quem fez isto?
Nosso olival queimou!
Alguém disse: Foi Sansão
Pois a mulher lhe deixou.
Os homens naquela hora
Sentira o sangue ferver
Em seus olhos tinha ira
O corpo todo a tremer
Era preciso coragem
Pra de medo não correr.
E nesse exato momento
Que irritados ficaram
Partiram dali depressa
Nem um minuto esperaram
Pegaram o pai e a filha
E sem ter pena queimaram.
Vamos deixar os algozes
Na sua fúria tirana
Para falar de Sansão
Brabo que nem caninana
Parecendo o bicho ruim
No mato chupando cana.
Pois quando ficou sabendo
De todo acontecimento
Disse: Eu vou me vingar;
Cumprirei meu juramento.
E feriu os Filisteus
Com um grande ferimento.
Depois de ter se vingado
Viajou pela manhã
Tinha feito o prometido
Estava leve quão lã
E foi se refugiar
Na caverna de Etã.
Amigos leitores saibam
Que a ira não convém
Tu te vingas eu me vingo
Isso não faz muito bem
Quem nos ver acha direito
E quer se vingar também.
Houve grande alvoroço
Para o povo do lugar
Os Filisteus se uniram
E acamparam em Judá
Estavam todos dispostos
Para Sansão amarrar.
Juntaram três mil homens
Foram onde estava Sansão
Perguntar-lhe o motivo
De tamanha confusão.
Eles estavam cercados
E não sabia a razão.
Sansão respondeu depressa
_não quero me defender
Porém o que me fizeram
O mesmo eu pude fazer.
Bater em quem lhe machuca
Passa a ser um dever.
Da mesma forma que eles
Quiseram me afrontar
Eu também tirei à forra
Pois não sou de apanhar
Não suporto desaforo
E nem preciso explicar.
Porem os homens lhes disse:
Viemos para levá-lo
Nós trouxemos uma corda
Para poder amarrá-lo
Depois que tiveres preso
Aos Filisteus entregá-lo.
Nesse momento Sansão
Aceitou o combinado
E falou para os Judeus:
_mim deixo ser amarrado
Mais eu quero que prometam
Que não serei maltratado.
Ali fizeram um acordo
O negocio foi aceito
O homem que tem palavra
Não faz serviço malfeito.
Pegaram logo Sansão
E o amarraram direito.
Depois desceram a Leí
Tendo Sansão escoltado
Os Filisteus quando viram
Que ele estava amarrado
Fizeram grande algazarra
Ficando muito animado.
Porém eu digo de novo
Não é bom subestimar
O poder desconhecido
Ninguém sabe avaliar
Sansão estava amarrado
Mas foi fácil de soltar.
Pois como fio de linho
A corda se derreteu
Como se houvesse fogo
Belo milagre se deu
Nada perguntem a mim!
Não sei como aconteceu.
Os Filisteus quando viram
Tão grande acontecimento
Ficaram estarrecidos
Sem perceber no momento
Que Sansão tomava posse
Da queixada de um jumento.
Ligeiro que nem um raio
Como guerreiro ferido
Sansão rodou num pé só
Só se ouviu o zunido
Mil homens, que feriu
Ficou no chão estendido.
Depois gritou ao vento
O homem faz sua lei
Por isso digo sem medo
Não falo do que não sei
Com a queixada de um jumento
Montões no chão eu deixei.
Olhando então para o céu
Nuvens formavam parede
Pra Deus fez uma oração
Como cordéis duma rede
Dizendo: “Senhor não deixe
Eu aqui morrer de sede!”
“_Já que protege o teu servo
Com a tua mão Divina
Não deixes que eu padeça
Essa não é minha sina.
Para não vir fazer parte
Dessa tão grande chacina.”
Fazendo essa oração
O Senhor do céu ouviu
E avistou de repente
A queixada que caiu
Formou-se uma rachadura
E dela água saiu.
Sansão matou sua sede
Por ter um Deus que lhe ama
Agradeceu ao PAI
Quem tem fé nunca reclama
Chamou aquele lugar
“A fonte do que clama.”
Sansão ficou em Israel
Muito amado e feliz
Governado aquele povo
Assim o destino quis
Assim viveu vinte anos
Sendo do povo juiz.
Aqui eu paro leitor
Porém eu quero dizer
A história continua
Para teu grande lazer
É só esperar um pouco
Vou terminar de escrever.
FIM