Improviso Cordeliano em defesa a Caetano.

Muito bom, querida Arlete,

O cordel do Professor.

Mas o amigo Caetano

É muito merecedor

De um tanto maior respeito

E de uma boa dose de amor.

Se o nosso presidente

É homem bom e honesto

O que dizer de um artista

Tão completo e diverso?

Sinceramente, eu não acho

O Caê um ser perverso.

O tiram como arrogante.

Mas, meu Deus, como o não ser?

Se humilde fosse, pior seria!

Pois hipócrita iria ser!

Arrogância ou hipocrisia:

Uma das duas tem de escolher.

De tais nenhuma é virtude

E isso eu não quero ocultar.

Mas do seu discernimento

Quem é que pode falar?

Só o diabo é capaz

De um gênio interrogar.

E tal qual o diabo

É todo o bom artista.

Digo o diabo espécie,

O diabo surrealista,

Que não veste fantasia

Sem ter Carnaval na pista.

E tal qual o diabo

É todo o bom cidadão

O diabo ao contrário

Que recusou ser pagão

Mas na hora da fome

É só que come o pão.

E tal qual o diabo

Sou eu, você, o Barreto

Se algo falta é o rabo,

A capa, o chifre ou o espeto

Mas na receita do mal

Somos do mesmo jeito.

Porque então, o Caê

Tem de ser homem bonzinho?

Ser o Príncipe Baiano,

O Messias do Pelourinho?

Não falar mal de ninguém

Cantar quinem passarinho?

Nele corre o sangue

De homem extraordinário

Que não nasceu pra vintém

E muito menos pra otário.

Como qualquer Napoleão

O povo o chama salafrário.

Aí vem o preconceito

Pegar o professor de surpresa:

“_Um burguês reacionário

Que odeia a pobreza.

Ele não gosta de negro

E só vive na moleza.”

Isso lá então são modos

De tratar um conterrâneo?

Dono de tão bela obra!

O maior contemporâneo!

Dando ouvidos a boatos

Tão baixos quanto o seu tamanho.

E descaradamente

Cita os grandes amigos

Companheiros do Cae

Como fossem inimigos

Quem o dá esse direito,

Professor, não vê o perigo?

O senhor mesmo, educador

Sabe que é indevido

Dizer tantas inverdades

Quando apenas foi ouvido

Um zunzunzum infernal

Mentiroso que tem sido.

Se o juiz então confia

Em rádios e televisão

E esqueceu completamente

A poesia e o violão

Que Caetano usava

Em prol de nossa união;

Se o professor então prefere

Um discurso a uma canção

E acredita no Lula

Mas em Caetano, não

Eu me retenho em dizer

Que é caso sem solução.

Se o professor prefere ainda

A propaganda eleitoral

E nela segue confiando

Sem vislumbrar nenhum mal

Eu me retenho calado

Já não dou nem sinal.

Que passe bem o Antonio

Ganhador do meu respeito

Mas a ele eu sugiro

Que se candidate a prefeito

Pois será o melhor político

Que em Salvador foi feito!

.............................................................................................

Fevereiro, 2008, em um bate-papo com minha querida amiga Arlete após receber um cordel do seu professor vituperando o nosso Caetano.

Guilherme Bastos L
Enviado por Guilherme Bastos L em 21/01/2011
Código do texto: T2742215
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.