1989 foi um ano especial: eleições diretas para presidente após 20 anos de regime militar.  O país fervia de expectativa. 22 candidatos entraram na disputa.  Para descontrair e homenagear a literatura de cordel, assim dei a minha contribuição:



O PERFIL DOS CANDIDATOS

Fernando Collor de Melo,
caçador de marajás,
todavia nada fez
na terra dos marechais,
agora vem com conversa,
mas não nos engana mais.

Meu voto era de Afif,
mas ele decepcionou
quando na constituinte
contra o povo ele votou,
se depender do meu voto
saiba que ele já dançou.

Já o Afonso Camargo
só fala em vale-transporte.
Pra se livrar do azar
já promete o vale-sorte,
e pra quem acreditar
já lhe espera o vale-morte!

Caiado fala em reformas
nas terras dos outros homens,
quando se fala nas dele
logo, logo o bicho some,
pois o que ele mesmo quer
é passar tudo pro seu nome.

Maluf em todo discurso
a corrução condenava,
mas se ele fosse sincero
primeiro se entregava,
pois justiça pra ser boa
deve começar de casa.

Ulisses, misericórdia,
ainda não acordou!
Não enxerga que o seu tempo
há muito já se acabou,
só lhe resta a inocência
de sonhar ser vencedor.

Suspeito de Mário Covas
errando de profissão,
com o seu jeito decente
não mostra preocupação,
acho que ele é candidato
pro rádio ou televisão.

Pobre de Aureliano
não percebe que é passado,
insiste em ser candidato,
pensa que vai ser votado.
Por tudo isso concluo:
ele está esclerosado!

Tem também Roberto Freire
camarada inteligente,
sabe que não vai ganhar,
mas não quer sair da frente,
pois prepara o seu caminho
para um futuro recente.

O problema de Brizola
é o seu temperamento.
Pra perguntas indiscretas
responde com xingamento.
Como tratar de negócios
com um homem tão violento?

Luiz Inácio da Silva
só tem uma incoerência:
assusta os empresários
que tem medo de falência,
tremem com o seu discurso
com medo da violência.

À tempo estou registrando
o mais novo candidato,
escolhido pela cúpula,
é mais um dos contratados.
Silvio Santos é um fantoche
pelos grandes fabricado.

E ainda tem mais gente
apresentando idéias,
estão com outro objetivo,
na verdade, são umas "véias"
um deles, mais engraçado,
diz: " o meu nome é Enéas"!

E assim vamos vivendo
uma outra eleição,
com tanta gente no páreo
existe a indecisão,
tomara que desta vez
a gente aprenda a lição.

Garanhuns-PE, 01 de novembro de 1989.

"O texto em apreço não tem nenhum caráter político, o seu cunho é meramente para diversão".

Ilustração: Internet
Maurício Pais
Enviado por Maurício Pais em 27/01/2011
Reeditado em 27/01/2011
Código do texto: T2754661
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